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ESCOMBROS
Em foto do último dia 9, peritos lidam com os destroços na cidade de Iwate

Após um ano de luto e reconstrução, o Japão se vê diante de um obstáculo maior do que o próprio tsunami que varreu o leste do país. Cerca de 25 milhões de toneladas de lixo e entulho ainda se acumulam em montanhas nas cidades de Iwate, Miyagi e Fukushima, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (leia quadro). Os japoneses são um dos povos mais preparados para lidar com desastres de grande magnitude. No entanto, apenas 5% dos destroços foram processados.

As razões para a demora são várias. A primeira, obviamente, é a grande quantidade de material. Para se ter uma ideia, o volume equivale a cinco anos de coleta de lixo na cidade de São Paulo. Outro motivo é a tentativa de evitar mais poluição, uma vez que o país é uma ilha com recursos e espaços já limitados. Assim, em vez de optar pela solução mais fácil, como incinerar ou enterrar os destroços em um aterro, os japoneses estão separando os resíduos e reciclando ou reutilizando tudo o que podem. 

De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep, na sigla em inglês), que acompanha de perto os trabalhos, “troncos de árvores estão sendo enviados para uma usina de papel, restos de madeira vão para uma companhia de cimento para serem usados como combustível e o entulho está sendo reciclado como material de construção ou pavimentação de vias”. As leis japonesas estabelecem que os fabricantes de carros e eletrodomésticos como geladeiras, fogões e máquinas de lavar são responsáveis pela coleta de seus produtos no fim da vida útil. Mas o volume de destroços é tão grande que as empresas não darão conta, afirmam os especialistas da Unep. 

Além do processo minucioso, o medo da radiação também tem atrapalhado o andamento da limpeza. Após o vazamento na usina nuclear de Fukushima, as cidades vizinhas se recusaram a ceder espaço para depositar os destroços, mesmo de localidades como Miyagi e Iwate, que estão fora da área de contaminação. De acordo com declarações do ministro japonês do Meio Ambiente, Goshi Hosono, a data para o término da limpeza, estipulada em março de 2014, não será cumprida.

Mesmo com o gigantesco problema à frente, o Japão tem sido um exemplo de superação. A própria ONU espera aprender com a organização e eficiência do governo japonês para poder aprimorar as técnicas de gerenciamento de desastres em outras áreas do mundo. Mas isso não é tudo. Ainda há pela frente o colossal trabalho de reconstrução de milhares de casas e realocação dos mais de 340 mil habitantes desabrigados pelas águas do tsunami e afetados pela radiação de Fukushima.

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