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O CHORO DE DESESPERO
A maioria das vítimas do massacre eram mulheres e crianças

Na madrugada do domingo 11, um soldado americano de 38 anos saiu de sua base em Panjwai, na província de Kandahar, para invadir casas e atirar em civis no Afeganistão. Dos 16 mortos, a maioria eram mulheres e crianças que dormiam em suas camas. O brutal ataque causou consternação no mundo todo, provocou previsíveis protestos nos países árabes e, mais do que isso, tem o potencial de mudar os rumos da guerra ao terror. Na última semana, o presidente afegão, Hamid Karzai, pediu que os Estados Unidos e a Otan retirassem suas tropas das vilas, e a antecipação da saída do Exército passou a ser considerada extra-oficialmente por autoridades do governo americano. Para piorar, o Talibã suspendeu as negociações pacíficas com os EUA. Um ato de vingança não está descartado. A suspensão das negociações representa um revés nas esperanças de um processo de paz.

Em uma atitude incomum, as Forças Armadas não revelaram o nome do soldado identificado como único autor da ação, que se entregou logo após a chacina. Mas relatos apontam que o acusado, pai de dois filhos, estava em sua primeira missão no Afeganistão e já havia servido três vezes no Iraque. Lá, havia sido diagnosticado com um tipo de traumatismo craniano e, na volta para casa, apresentara problemas conjugais. Ainda assim, foi considerado apto para um novo combate. “É claro que o Exército não deveria enviar esse tipo de gente à guerra”, disse à ISTOÉ Barbara van Dahlen, psicóloga de Washington e fundadora da ONG Give An Hour, que assiste militares. “O problema é que ainda não temos um mecanismo exato para identificar indivíduos com problemas mentais realmente graves, pois muitas vezes eles escondem os sintomas por medo de serem punidos.”

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