Relembre, em vídeo, três versões do clássico “Another Brick In The Wall”: no filme de Alan Parker, no show “Pulse” e no atual concerto de Waters:

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ROGER WATERS:
Canções sobre solidão e abandono

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O grisalho dos cabelos é um dos poucos sinais visíveis da passagem do tempo para o ex-baixista da banda Pink Floyd, Roger Waters, que, aos 68 anos, recria com a mesma rebeldia juvenil a sua obra-prima, a ópera rock “The Wall” (O Muro), há dois anos viajando pelo mundo em uma turnê milionária – talvez, a última de sua carreira. Tido como o mais ambicioso espetáculo de rock já produzido, o show não era apresentado desde 1990 e desembarca agora no Brasil atualizado com tecnologia de ponta. A estreia será dia 25 em Porto Alegre. Rio de Janeiro e São Paulo recebem o concerto, respectivamente, nos dias 29 de março e 1º de abril (na capital paulista haverá uma data extra no dia 3/4). Todos os efeitos visuais que tornaram esse espetáculo um dos maiores fenômenos da história da música serão mantidos: as imagens e projeções concebidas pelo artista Gerald Scarfe, o avião abatido, o som quadrafônico e o porco voador – além, é claro, do imponente muro de 137 metros de extensão, que começa a ser construído no início da apresentação.

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Até pouco tempo atrás, pensar em assistir a esse legendário show em território brasileiro parecia um sonho impossível. Ele só fora apresentado ao vivo 29 vezes, ao longo de 1980 e 1981, após o lançamento do álbum homônimo. Em julho de 1990 – cinco anos após o “desmanche” do Pink Floyd –, Waters organizou uma histórica apresentação na Alemanha para celebrar a queda do Muro de Berlim, um dos símbolos da guerra fria. E só. Segundo o músico, a justificativa para a sua retomada agora se deve ao fato de a obra ter se tornado “mais política, mais universal e mais relacionada à experiência das pessoas”. Sua logística, contudo, continua a ser um desafio. Para se manter a turnê na estrada, são gastos cerca de US$ 200 mil por dia, envolvendo 164 pessoas.

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HERANÇA
Roger Waters (acima) ganhou na Justiça o direito de
apresentar o show que está em turnê desde setembro de 2010

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A mitologia em torno de “The Wall” começa, obviamente, com o lançamento do disco, que vendeu mais de 19 milhões de cópias desde 1979. Tratando de temas como abandono, opressão e isolamento, ele é considerado “o ápice da ambição do Pink Floyd em fazer uma ópera rock”, segundo Gustavo Shataignier, professor de música da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A ideia veio de Waters, mas, de acordo com o recém-lançado livro “Nos Bastidores do Pink Floyd” (Generale), foi o produtor Bob Ezrin quem lhe sugeriu transformar o protagonista em um personagem autobiográfico, chamado Pink. Sentindo-se sufocado pela mãe e oprimido pelos professores, Pink constrói um muro em sua consciência para isolar-se da sociedade. Sob o efeito de drogas, imagina-se um ditador fascista, e sua consciência rebelde vai para o tribunal. É quando um juiz interior ordena-lhe que derrube o muro que o isola, clímax do espetáculo. Há outro momento emocionante, quando projeções trazem alinhadas pessoas mortas em guerras, e o brasileiro Jean Charles de Menezes é, então, homenageado. “Indiscutivelmente, ‘The Wall’ é um dos melhores conceitos de álbum de seu tempo e um dos maiores shows da atualidade”, afirma o produtor americano Brendan Duffey, sócio do Norcal Studios.

Nem tudo, porém, foram glórias. A obra, adaptada para o cinema em 1982, acabou por ser um divisor de águas e desencadeou a separação do grupo, concretizada em 1985. Após o encerramento da turnê, o tecladista Richard Wright foi demitido e os reiterados desentendimentos entre Waters e o guitarrista David Gilmour chegaram a um ponto insustentável. Gilmour tentou manter a banda sem o baixista, mas Waters não permitiu. Os dois começaram então uma briga pública nos tribunais pelos direitos do nome Pink Floyd. Até que, em 1987, selaram um acordo que permitiu a Gilmour e Nick Manson continuarem com o grupo. Em troca, Waters ficou com os direitos de suas composições. Ou seja, “The Wall” é todo seu. Tijolo por tijolo, milhão de dólares sobre milhão de dólares.

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