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ABALO
Chamado de dedo-duro por seus pares, Sabu (à esq.) expôs e colocou
em risco grupos como o Anonymous (acima, um integrante),
dedicado a derrubar sites de governos e empresas

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Certos torcedores de futebol e os hackers têm um desejo comum: o anonimato. Dele decorre a coragem dos primeiros para instaurar o caos no Carnaval paulistano e a ousadia dos segundos para invadir o computador da CIA. Enquanto a situação dos baderneiros do mundo real está longe de uma solução, a vida relativamente tranquila dos vândalos virtuais sofreu um abalo na terça-feira 6. Em uma bem montada operação, cinco líderes de um grupo especializado em derrubar sites de governos e empresas foram presos pelo FBI, a polícia federal americana.

Foram nove meses de investigação. Em junho do ano passado, Héctor Xavier Monsegur entrou numa sala de bate-papo sem esconder o seu IP, código que identifica o computador. Pelo teor da conversa, policiais constataram que Monsegur era na verdade Sabu, um dos líderes do grupo de hackers LulzSec. Ao ser detido, alegou não ter computador. Mas os agentes já tinham a ficha: 28 anos, desempregado e dividindo um apartamento em Nova York com cinco irmãos, uma irmã e dois filhos. O hacker foi informado de que poderia pegar até 124 anos de cadeia. Como não queria ficar nem um dia sequer longe das crianças, virou informante do FBI.

Infiltrado, atraiu cinco peixes grandes do chamado hacktivismo para as redes da agência americana: os britânicos Ryan Ackroyd e Jake Davis, os irlandeses Darren Martyn e Donncha O’Cearrbhail e o americano Jeremy Hammond. Os hackers responderam rapidamente, invadiram o site da empresa de segurança virtual Panda e publicaram: “Sabemos que Sabu nos dedurou. O FBI ameaçou separá-lo dos filhos. Entendemos, mas também somos família”.

Para os hacktivistas brasileiros, as prisões não colocam em risco a atividade. “O Anonymous é uma ideia que pode ser praticada por qualquer pessoa. Não há líderes, não há site. Qualquer um pode ativar o movimento”, diz, anonimamente, claro, um membro do AntiSec Br Team. Para especialistas em segurança digital como o finlandês Mikko Hypponen, da F-Secure Labs, as circunstâncias das prisões fizeram um estrago irreparável. “Se eles não podem confiar em Sabu, em quem podem confiar?”, pergunta.

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