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IMIGRAÇÃO
Até 2009, os brasileiros eram os mais barrados pelas autoridades espanholas

No mundo ideal, as relações diplomáticas entre os países devem ser orientadas pelo que os especialistas chamam de “princípio da reciprocidade”. Se uma nação impõe um rosário de exigências para que um determinado estrangeiro ingresse em seu território, o país de origem deste visitante tem o direito de fazer o mesmo. A Espanha, porém, acredita que está acima dessas regras. Pelo menos foi isso que deixou transparecer o secretário espanhol de Assuntos Externos, Gonzalo de Benito, em entrevista publicada na semana passada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. “Cada país pode colocar as condições que quiser para a entrada de pessoas em seu território”, disse Benito. “Mas entendemos que, diante do conjunto das relações que temos com a América Latina – e em especial com o Brasil –, não se justifica que espanhóis tenham restrições à entrada que vão além do normal e do que tínhamos até agora.” Em outras palavras: na lógica de Benito, que fala em nome do governo de seu país, o que vale para um brasileiro que quer entrar na Espanha não vale para um espanhol que pretende visitar o Brasil.

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DECLARAÇÃO INFELIZ
Para Gonzalo de Benito, secretário espanhol, restrições não se justificam

A reclamação de Benito, que depois disse ter sido mal interpretado em sua entrevista, se deve a uma mudança decidida pelo governo Dilma. A partir de 2 de abril, os espanhóis terão maior dificuldade para ingressar no País. Pelas novas regras, eles terão de mostrar às autoridades a passagem de volta agendada, comprovação de reserva em hotel e mínimo de R$ 170 (75 euros) para cada dia de visita. Se o turista for se hospedar na casa de parentes ou amigos, é preciso apresentar carta de convite com a assinatura do anfitrião reconhecida em cartório. O governo brasileiro decidiu pelas alterações após uma série de denúncias de maus-tratos e discriminação por parte do Serviço de Imigração espanhol. O temor da Espanha de uma invasão de imigrantes brasileiros não se justifica. A crise econômica na zona do euro e a crescente importância do Brasil no cenário global fizeram com que o fluxo de imigrantes mudasse de direção. Em 2011, o país europeu registrou uma saída de pessoas maior do que a entrada de estrangeiros. O Brasil, por sua vez, vive o melhor período de sua história e começou a atrair gente de todos os cantos do mundo, principalmente da Espanha e de Portugal.

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