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ITINERÁRIO
No roteiro de Dilma estão previstos encontros com
Barack Obama, nos EUA, e Angela Merkel, na Alemanha

Depois do descanso na Bahia durante o Carnaval, a presidenta Dilma Rousseff voltou ao trabalho com a firme disposição de consolidar o status do Brasil como estrela de primeira grandeza na cena internacional. Com a experiência acumulada no primeiro ano de governo e o reconhecimento de seus colegas chefes de Estado, ela sabe que estreitar relações comerciais e marcar presença em fóruns multilaterais é uma questão vital para a indústria nacional, principalmente nestes tempos de crise nas economias do Velho Mundo. É com esse pensamento que a presidenta traçou uma agenda estratégica. Inicia o mês de março com uma viagem à Alemanha, de Angela Merkel, e depois segue para a Índia, onde participará de reunião das potências emergentes, os chamados Brics. Em abril, desembarca nos Estados Unidos, a convite de Barack Obama e em seguida visitará o México, para encontro do G-20. Em todo o roteiro, Dilma Rousseff levará na mala a pressão de empresários por acordos que fortaleçam os negócios e facilitem as exportações. Além disso, usará de seu prestígio para atrair atenção para a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro, em junho.

Apesar de todos os olhos de economistas e empresários estarem voltados para a visita de Dilma aos EUA, a peregrinação internacional começa pela conturbada Europa. Com a reverência natural ao fato de a economia brasileira navegar ao largo da tempestade que ameaça o euro, a presidenta viaja no dia 5 de março para Hannover, na Alemanha. Vai visitar uma feira de tecnologia, a CeBit 2012, que pela primeira vez terá participação brasileira. O objetivo é ampliar o papel do País nas discussões mundiais sobre desenvolvimento tecnológico. O convite feito à presidenta pela chanceler Angela Merkel demonstra o interesse de empresas alemãs de se aproximar do nosso mercado consumidor de produtos eletrônicos e de usufruir da ascensão da classe média nacional. Mas Dilma e Merkel também terão um encontro a portas fechadas. Na pauta da conversa, a crise europeia e também planos de parcerias entre os dois países, entre eles a inclusão da Alemanha no programa Ciência sem Fronteiras, lançado pelo governo Dilma em 2011. A ideia é firmar um convênio para que o governo mande mais de dez mil estudantes brasileiros para universidades alemãs.

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ÚLTIMOS ACERTOS
Em encontro com o chanceler Antonio Patriota, durante a
semana, Dilma definiu as prioridades do périplo internacional

Em abril, a aguardada viagem aos Estados Unidos, além de sinal de cordialidade com Barack Obama, tem tudo para abrir um novo tempo nas relações com aquele país. Dilma encontra-se numa situação bem mais confortável do que em março de 2011, quando ainda era uma estreante na política e recebeu Obama em Brasília. Agora, a presidenta já impôs seu estilo de comando, possui índices de popularidade inéditos e conquistou o respeito da mídia internacional. Nesse cenário, Dilma pode ter facilitada a missão de celebrar acordos com os EUA, capazes de fazer as exportações brasileiras recuperarem o espaço perdido no mercado americano nos últimos anos.

Mas não será uma tarefa tão fácil. De 2000 a 2011, o saldo comercial com os EUA passou de um superávit superior a R$ 300 milhões para um déficit de mais de R$ 8 bilhões por ano. Segundo o professor Eiiti Sato, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, o grande desafio é reparar antigos erros. “O Brasil é um dos únicos mercados que conseguem um déficit tão grande nas exportações”, avalia. Ciente das dificuldades, Dilma mandou seus ministros adiantarem as negociações. Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, iniciou conversas com os americanos sobre a abertura do mercado de carne in natura e as barreiras impostas à laranja brasileira por conta de um agrotóxico proibido por Washington.

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COM A FAMÍLIA
Dilma (à dir.) desfrutou o feriado de Carnaval na
praia localizada na Base Naval de Aratu, Bahia

Na agenda internacional, há ainda a participação de Dilma no encontro dos Brics, de 20 a 29 de março em Nova Déli. A reunião servirá para aproximar ainda mais Brasil, Rússia, Índia e China. “Além da agenda econômica, o bloco também buscará uma posição sobre desenvolvimento sustentável. O Brasil também será importante para iniciar uma discussão sobre a retirada dos EUA do comando do Banco Mundial”, afirma João Pontes Nogueira, coordenador-geral do Brics Policy Center e diretor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio. Os compromissos do primeiro semestre devem incluir ainda a VI Cúpula das Américas, de 9 a 15 de abril na Colômbia, e o encontro do G-20, em junho, no México. Com o prestígio internacional em alta, a prioridade de Dilma Rousseff é resolver pendências comerciais e se aproximar das nações de forma bilateral. Bem ao seu estilo, a presidenta deseja que os brindes de amizade rendam bons frutos para a economia brasileira.

 

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