Quarta-Feira de Cinzas em Buenos Aires e o relógio da Estação Once marca 8 horas e 32 minutos. Uma fatigada locomotiva puxando dez vagões da década de 1960 perde o freio e espatifa-se contra uma barreira de proteção. O que se ouve é um ranger de ferro contra ferro, o que se vê é um vagão entrando no outro. Assim se deu o pior acidente de trem da Argentina das últimas seis décadas: 60 mortos e 703 feridos. É a quarta tragédia envolvendo as linhas ferroviárias do país em um ano. Como nos acidentes anteriores, também nesse as responsabilidades viraram um jogo de empurra-empurra político. O secretário de Transportes, Juan Schiavi, jogou a culpa nos passageiros: “Todos se aglomeram nos primeiros vagões; se ocorre um imprevisto, dá no que dá.” Prefere-se ficar aqui com a fala do passageiro Nicolás Bravo, que saiu incólume: “As vacas viajam melhor nos caminhões do que nós nos trens.” 


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