ÍNDIA! – LADO A LADO/ Sesc Belenzinho, SP/ 25/2 a 29/4

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PACIFISMO
Valores associados à memória de Gandhi
são avaliados em obra de Vishal K. Dar (abaixo)

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ALEGORIAS
Ruína do deus Vishnu, em obra de Manjunath Kamath (no centro), e fotografia
de Manu Thomas, do PIX Collective (acima), compõem mosaico da Índia

Em um Centro Cultural Banco do Brasil, imerso sob a aura de um museu de arqueologia, a exposição “Índia!” apresenta a cultura milenar indiana, com peças que chegam a datar desde 200 a.C. Mas, no Sesc Belenzinho, que recebe, a partir de sábado 25, o segmento contemporâneo da exposição, dedicado à atual cena do país, a história da arte e da cultura indianas é virada de ponta-cabeça. A imagem que melhor representa essa ideia é a obra “Vishnu Vilas”, do artista Manjunath Kamath, em que um busto do deus protetor contra as calamidades é tombado sobre objetos que se esparramam pelo chão. “Vishnu é representado em uma postura de perdedor, vencido, destruído”, afirma a curadora brasileira Tereza Arruda. “A partir daí, abre-se um amplo leque de questionamentos referentes à tradição, história e cultura”, completa ela. Assim como Kamath, os 17 artistas da mostra “Índia! – Lado a Lado” produzem releituras da história – sempre confrontada à atualidade de um país que divide hoje com Brasil, China e Rússia, toda a atenção mundial.

Há diversas realidades confrontadas na exposição. Em “Sonhos de Habitação”, o fotógrafo Vivek Vilasini documenta os estilos híbridos que brotam do boom imobiliário de pequenos vilarejos. Já o PIX Collective, coletivo de jovens fotógrafos que compõem o corpo editorial de uma revista trimestral, apresenta um mosaico de visões sobre o contexto social indiano. Há ainda esculturas, pinturas, vídeos e instalações.

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Na maioria dos casos, o recorte da curadora Tereza Arruda apresenta artistas contemporâneos que se comportam como arqueólogos do espaço social urbano.

Desses exercícios de arqueologia social, surgem alegorias de vários aspectos da sociedade indiana: da condição feminina à religiosidade, passando pela organização em castas e o passado colonial. Entre os trabalhos, há reflexões muito agudas, como a videoanimação “C for Cutter” (C de cortador), de Vishal K. Dar, que usa uma nota de 500 rúpias, com a imagem de Gandhi, para pensar a respeito da sobreposição de valores que se sucederam no último século. Nessa obra, o artista projeta sobre a imagem de Gandhi uma série de ícones relativos a um certo culto à violência, em contraposição aos ideais pacifistas divulgados pelo líder político.

Mas, entre a diversidade de expressões apresentadas na mostra, surgem, por vezes, alegorias menos complexas. Como a instalação “Colostro”, de Reena Kallat, que, em sua crítica ao recente passado colonial, produz um discurso demasiadamente literal. A instalação é composta por elementos suntuosos – como uma coroa, um espartilho e um sapato de salto alto (em alusão ao sapato de cristal da Cinderela, talvez?) –, justapostos a pinturas em vermelho que remetem a cenas de agressão.


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