A contusão do inglês Wayne Rooney, do Manchester United e da seleção inglesa, numa partida contra o Chelsea, além de provocar discussões sobre as chances de recuperação do craque a tempo de disputar a Copa, gerou uma grande polêmica. O atacante, patrocinado pela Nike, usava pela primeira vez uma nova chuteira, a Total 90 Supremacy, desenvolvida com a ajuda do jogador e lançada com estardalhaço quatro dias antes. Rooney quebrou o quarto osso metatarsiano do pé direito, que fica na base do segundo dedo do pé, a partir do menor. O problema levou especialistas a acusar a Nike e todas as outras fabricantes de, na corrida tecnológica para ganhar mercado, produzir peças mais leves e finas do que o aceitável, incapazes de proteger os jogadores nos momentos de risco. A Total 90 Supremacy custará R$ 699 no Brasil. Será usada também pelo lateral brasileiro Roberto Carlos, o atacante espanhol Fernando Torres e os craques Alberto Gilardino (Itália), Luís Figo (Portugal) e Rio Ferdinand (Inglaterra).

A concorrência pegou carona no drama de Rooney. “Algumas fabricantes produzem peças que não dão suporte adequado aos atletas”, espetou o ex-jogador Craig Jonston, que desenvolveu a chuteira Predator para a rival Adidas. Num comunicado, a Nike se defendeu dizendo que a peça foi testada pelo jogador sem problemas e a equipe médica do Manchester “confirma não haver ligação entre a Total 90 Supremacy e a lesão”. Mas as discussões continuam. “As chuteiras modernas, de todos os fabricantes, possuem travas bem mais longas do que as antigas. Elas entram fundo no gramado e muitas vezes travam a perna do jogador”, explica Joaquim Grava, ortopedista do time do Santos. “Isso contribuiu para o aumento importante, nos últimos anos, das contusões no pé e no joelho”, acredita ele. O jogo da polêmica, pelo visto, está só no começo.