O ano não tem sido dos mais felizes para a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. Além de correr por fora na disputa com o senador Aloizio Mercadante pela indicação da candidatura do PT ao governo de São Paulo, agora ela se vê às voltas com velhos fantasmas. Na última semana, a Justiça atendeu à solicitação do Ministério Público e autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal de entidades e empresas que prestaram serviços à sua gestão. A intenção do MP é descobrir qual o destino final dos R$ 12.815.461,87, valor referente a 11 contratos firmados entre prefeitura, ONGs e prestadoras de serviço. Entre elas está o Instituto Florestan Fernandes (IFF). A organização, que leva o nome do professor e sociólogo morto em 1995, é considerada referência na área de políticas de gestão pública. Criado em 1999, o instituto teve Marta como sua primeira dirigente. O Sampa.org, projeto na área de inclusão social coordenado pelo IFF e mais sete empresas, algumas ligadas a integrantes do instituto, também terá suas contas investigadas. Marta, no entanto, não é citada na ação.

De acordo com o autor da representação, o promotor Saad Mazloum, as secretarias municipais contratavam a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) para a realização de serviços na administração municipal. Estas, por sua vez, subcontrataram o IFF, o Sampa.org e a Frontservice Informática e Representações, empresa de César Augusto Massaro, integrante do instituto, para executá-los. Para o MP, a subcontratação é ilegal, pois fere os princípios da Lei de Licitação. Quando não subcontratavam, a FGV e a Fundep indicavam como consultores profissionais ligados às entidades. Indignado com a situação, o jornalista Florestan Fernandes Júnior, filho do sociólogo, ameaça tirar o nome do pai da instituição.

Por seu lado, IFF e FGV negam que haja alguma irregularidade nos contratos assinados. “A Getúlio Vargas sempre trabalhou com esse modelo, fazendo convênios e parcerias com instituições de todo o País. Não há nada de irregular. Creio que o Ministério Público se precipitou ao pedir a quebra do sigilo”, diz Rubens Naves, advogado do instituto. Enquanto surge mais um problema, Marta se prepara para as prévias com Mercadante. A cúpula do partido, inclusive o presidente Lula, está mais simpática ao senador. A esperança da ex-prefeita está nas bases do partido. Em caso de derrota, Marta diz que não pretende se candidatar a nenhum outro cargo nas próximas eleições. Afirma que se tornará uma militante empenhada na reeleição de Lula e na campanha dos candidatos de partido.