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LONGE DO POVO
Para fugir dos protestos, Alckmin teve de alterar agenda em cima da hora

Candidatos ou não, políticos costumam seguir uma liturgia em anos eleitorais: intensificam inaugurações de obras e aumentam aparições públicas em busca de exposição. Afinal, eles ou seus partidos e respectivas realizações serão avaliados nas urnas meses depois. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), parece, no entanto, fugir à regra. Na última quinzena, a ausência dele foi notada em pelo menos duas ocasiões previstas em sua agenda. A primeira ocorreu na missa em comemoração aos 458 anos da capital paulista, na quarta-feira 25. Para fazer companhia ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) e diversos postulantes à sucessão municipal, ele enviou o seu vice, Guilherme Afif. No sábado 28, correligionários, novamente, ficaram à espera de Alckmin. O governador não compareceu à inauguração do novo prédio do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC), uma obra orçada em R$ 78 milhões e que demorou cerca de três anos para ser parcialmente concluída.

Em ambas as ocasiões, Alckmin descobriu previamente que seria aguardado por centenas de críticos a posturas adotas pela sua gestão, como a reintegração de posse de Pinheirinho, em São José dos Campos, e a operação na Cracolândia. Coube a Kassab e ao secretário da Cultura, Andrea Matarazzo, enfrentar a ira dos populares. Os protestos foram monitorados com antecedência pela subsecretaria de Comunicação do governo e por um assessor de Alckmin. A maior parte das manifestações é organizada pela chamada “militância virtual progressista” através das redes sociais, como Facebook e Twitter, hoje os principais canais de críticas e articulação de atos. Oficialmente, a assessoria do governador nega que ele esteja evitando protestos, mas, segundo integrantes da alta cúpula do PSDB paulista, o trabalho irá continuar para evitar que o comandante de São Paulo seja surpreendido em aparições públicas.

Entre os tucanos, a medida é vista como uma prudência política ao que consideram atos de radicalismo empregados por militantes petistas. Um pensamento bem diferente daquele que tinha o ex-governador de São Paulo Mário Covas, que não titubeava em enfrentar cara a cara nem mesmo opositores exaltados. “Não tenho medo de vocês. Já enfrentei os generais”, dizia Covas. Alckmin, nesse ponto, nada aprendeu com o padrinho. 

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