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PAR PERFEITO
Jean Dujardin e Bérénice Bejo: atuação feita só com gestos e expressões

Um filme mudo está fazendo o maior barulho no mundo inteiro. Ele se chama “O Artista”, foi rodado em preto e branco e não tem grandes estrelas no elenco. Mesmo assim, seus protagonistas (os franceses Jean Dujardin e Bérénice Bejo) concorrem, respectivamente, ao Oscar de melhor ator e atriz – e são fortes candidatos. Dujardin, que já havia sido premiado no Festival de Cannes, recebeu o Globo de Ouro e foi reconhecido pela associação dos atores americanos. Afora essas duas categorias, a produção francesa disputa ainda oito estatuetas, inclusive a mais importante, de melhor filme. Lançado na França no meio do ano passado, “O Artista” tinha tudo para acabar no escaninho do “cult movie para cinéfilos”. Mas caiu nas graças de Hollywood e ultrapassou os limites do público segmentado. Por que a Academia decidiu estender o tapete vermelho para um longa-metragem tão particular? A resposta é óbvia: porque “O Artista”, que estreia no Brasil na sexta-feira 10, trata justamente dos anos de ouro do cinema americano, hoje perdido numa voragem tecnológica que não acrescenta nada.

Seu enredo, passado no final da década de 1920, centra-se justamente em um momento de transformações como a que a indústria cinematográfica vive agora: a chegada do cinema falado. George Valentin, papel de Dujardin, é um astro de filmes mudos que não acredita no futuro da nova invenção. Os estúdios pensam de maneira diferente e, enquanto Valentin cai no esquecimento, Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma atriz aspirante que ele ajudou a iniciar na carreira, sobe ao posto de estrela. Nesse meio tempo, a dupla descobre que se ama. Há oito anos, quando o diretor Michel Hazanavicius propôs projeto para produtores franceses, todo mundo achou que ele estava louco. Mas outro maluco, o produtor Thomas Langmann, das aventuras de “Asterix”, gostou da ideia e ofereceu muito mais. Bancou as filmagens na própria Hollywood, nos estúdios Paramount e Warner. Dessa forma, a produção impecável pôde contar com luxos que só aumentaram seu charme.

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IMITAÇÃO
Jean Dujardin em um “filme dentro do filme”: apurada pesquisa de época

Para o cenário da casa de Petty foi escolhida a antiga residência de uma deusa do cinema mudo, Mary Pickford. Dujardin e Bérénice não fazem feio ao simular Gene Kelly e Debbie Reynolds nos números de sapateado: eles ensaiaram no mesmo galpão em que a dupla se preparou para ­“Cantando na Chuva”. Para “entrar” definitivamente no personagem, Dujardin morou durante as filmagens numa mansão dos anos 1930 em Beverly Hills, como os astros da época. Embora o cinema não dispusesse de muitos recursos naquele período, rodar um filme mudo nos dias de hoje não foi fácil. Hazanavicius fez questão de gravar todas as cenas com as pesadas câmeras do passado e não forneceu diálogos para os atores: eles falavam o que queriam, já que nada do que dizem é ouvido. O resto é pura expressão. O mínimo que se pode dizer é que se está diante de um show de atuação.

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