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O fim do prazo das filiações partidárias, de olho nas eleições de 2010, trouxe luz sobre um fenômeno político que ganha força por esses tempos: o surpreendente número de adesões de quadros trazidos da esfera empresarial e de ministérios eminentemente técnicos.

Nessa onda, o Partido Verde roubou a cena com a filiação de nada menos que 11 executivos do time das grandes corporações – entre eles o cofundador da Natura, Guilherme Leal, conhecido como "o bilionário do mundo dos cosméticos", Roberto Klabin, do Grupo Klabin, e Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos.

O PMDB trouxe para suas trincheiras ninguém menos que o presidente do Banco Central, ministro Henrique Meirelles, enquanto o PT, por sua vez, registrou a entrada do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Outras aquisições de peso, como o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, candidato ao governo de São Paulo, conquistado pelo PSB, e Ivo Rosset, presidente da Valisère, levado pelo PT, reforçam a tendência.

A questão de fundo nesse movimento são os interesses por trás do canto da sereia eleitoral. O que leva, de um lado, personagens naturalmente bem-sucedidos em suas áreas de atuação e tradicionalmente distantes da fauna política a seguir esse caminho? Do outro, quais razões regem os partidos nessa colheita? Essencialmente, o que se percebe por parte dos futuros políticos são projetos pessoais, com motivações variadas: de conquista de poder a maior projeção social ou mesmo o interesse genuíno de servir ao País.

No caso dos partidos a questão é outra. Boa parte deles sempre esteve atrás de mais estofo, ancorando suas siglas em nomes de projeção que auxiliam na atração do eleitor na hora do voto. Quem está indeciso em geral opta por nomes de maior visibilidade. Os partidos praticavam essa tática tradicionalmente com nomes de artistas, celebridades, cantores, personagens habitués da mídia. Partiram agora para outra escala. Empresários, por exemplo, trazem a imagem do empreendedorismo, importante para cobrir com um véu de seriedade e credibilidade as siglas partidárias.

Gestores técnicos como Meirelles e Amorim emprestam ainda maior valor de administração competente a uma área da vida pública que vem sendo constantemente açoitada pelo descrédito: a política. São alternativas positivas e, certamente, de maior envergadura para a condução do País do que aqueles de fama passageira e experiência efêmera na administração.

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Carlos José Marques, diretor editorial


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