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O termo psicogeografia foi definido pelo pensador francês Guy Debord, em 1955, para tratar dos efeitos que o ambiente geográfico opera sobre as emoções e o comportamento dos indivíduos. Inúmeros grupos de psicogeógrafos, compostos por artistas, filósofos e interessados, foram formados em meados das décadas de 1950 e 1960. Suas atividades consistiam em flanar pelas cidades fazendo anotações e desenhos e em recolher materiais que estimulassem os processos poéticos guardados no inconsciente.

A exposição “Não Mais Impossível” reúne trabalhos dos artistas Fábio Tremonte e Lais Myrrha que fazem referência indireta à psicogeografia de Debord. Com curadoria de Cecília Bedê, a exposição conta com oito obras que têm como fio condutor as visões e expe­riências pessoais dos artistas no ambiente urbano.

Mais que registros das paisagens, o que os artistas pretendem com as obras é mostrar “as marcas e temporalidades da cidade”. Exemplo é o vídeo “Redflag (Walking)” (“Bandeira vermelha – caminhando”), de Fábio Tremonte (foto). Nele, o artista caminha carregando uma bandeira vermelha, atravessando visões fragmentadas dos lugares por onde passou. A bandeira, símbolo usado para a marcação ou conquista de um território, ganha uma significação diversa de sua função original, ao atravessar diferentes espaços, sem fronteiras perceptíveis. Já na série fotográfica “Uma  Biblioteca para Dibutade”, de Lais Myrrha, imagens de uma biblioteca abandonada mostram as marcas das estantes e dos livros que um dia ocuparam aquelas paredes. Aqui outro símbolo é modificado: antes depósito do saber, local onde se buscava o conhecimento, o edifício hoje apenas guarda a ausência da memória de um passado.

Observar esses vestígios que assinalam a passagem do tempo é herança do poeta Charles Baudelaire e de seu vagar sem destino pelas ruas da Paris do século XIX e é algo com o que a arte e o homem lidam desde o início dos tempos. 

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