Nas curtas férias que teve nesta virada de ano, a presidenta Dilma Rousseff pôde refletir longamente sobre a anunciada reforma ministerial que talvez marque uma nova fase em seu governo. Na sua ausência, discutiu-se quão amplas deveriam ser as mudanças, que efeitos teriam em sua base de apoios políticos, quais as brigas que lhe compensariam comprar. Tudo o que se disser agora não passará de conjectura, de movimentos em busca de espaço ou para fechar portas para desafetos. Dilma tem mostrado que sabe jogar esse jogo e que, acima de tudo, toma decisões a partir de suas próprias convicções. Esse é o critério adotado em uma substituição já certa: a de Fernando Haddad, que sai para disputar a Prefeitura de São Paulo, por Aloizio Mercadante na Educação. Nesse caso, a presidenta agiu rápido para não dar espaço a eventuais anseios partidários. A Educação é dela e ponto. O ministro tem de ser alguém do seu círculo mais próximo.

A decisão é sábia, principalmente quando se trata de um ministério com orçamento de mais de R$ 65 bilhões e um fabuloso impacto social. Importante, porém, é saber qual desses dotes será mais valorizado: o dinheiro ou o que ele é capaz de proporcionar. Antes mesmo de ser empossado, Mercadante já fala em seu sonho de distribuir tablets a estudantes, de levar tecnologia à sala de aula, de dar um choque cibernético no ensino público. A torcida vibra e apoia. Mas, já que a Educação lidera a reforma ministerial, que esteja à frente da reforma de um país que precisa muito mais do que inclusão digital. O Brasil necessita da educação que promova inclusão social, que civilize, que humanize, que qualifique e que gere uma revolução que começa pelo respeito ao professor e termina no respeito aos cidadãos pelos gestores públicos. Costumamos olhar para a Coreia do Sul como exemplo de nação que, em poucas décadas, saltou do subdesenvolvimento ao patamar de potência tecnológica graças aos gastos maciços em educação. É um paradigma excepcional, desde que se lembre que, lá, não se começou o processo distribuindo traquitanas, mas valorizando cada centavo gasto – e as pessoas a que eles se destinavam. Uma vez no Oriente, podemos olhar também para o Japão, onde autoridades devolveram aos cofres públicos o dinheiro que sobrou do esforço de reconstrução nas regiões devastadas por um tsunami. Um gesto como esse é resultado da educação. E ajuda a educar as futuras gerações.


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