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OLHO VIVO
Romário em sessão no plenário: fiscal das obras da Copa

Quando o ex-atacante Romário foi eleito deputado federal pelo PSB, com quase 150 mil votos, muita gente duvidou que ele con­seguiria repetir no Con­gresso o sucesso alcançado nos gramados. Alguns escorregões no início do mandato reforçaram essa impressão. Primeiro, a nomeação de belas loiras como assessoras parlamentares, sem nenhuma experiência na área. Depois, um flagra numa praia carioca em dia de sessão legislativa. As bolas foras serviram de alerta para o baixinho. Depois de um ano em Brasília, a conclusão é inevitável: Romário conseguiu virar o jogo e se mostrou um craque também no plenário. Assíduo em sessões plenárias e em comissões, o parlamentar vestiu a camisa em defesa dos portadores de necessidades especiais – ele mesmo tem uma filha com síndrome de Down – e assumiu o papel de fiscal das obras da Copa de 2014, abrindo uma guerra pública com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, Romário diz que tinha vontade de concorrer à Prefeitura do Rio em outubro próximo, mas o PSB já firmou aliança para apoiar um candidato do PMDB. Seguir o partido, aliás, não tem sido difícil para o tetracampeão. “Política, assim como o futebol, é jogo de equipe”, afirma.

Ganhar projeção em meio a um universo de 513 deputados não é nada fácil, especialmente para quem está no primeiro mandato. Não se trata simplesmente de atrair a atenção da mídia, o que é natural no caso de Romário, mas ser reconhecido entre os colegas, até mesmo por adversários de legenda. Pouco antes do recesso parlamentar, em meados de dezembro, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), mesmo sendo de oposição, elogiou a atuação de Romário. “Ele foi um dos maiores atletas do planeta e está se mostrando também um deputado federal de alto nível”, afirmou Demóstenes Torres. Recentemente, a consultoria Arko Advice incluiu o tetracampeão na Elite Parlamentar de 2011, um ran­king feito desde 1998, em que são eleitos os 105 congressistas mais influentes no ano. “O Romário sempre foi um cara muito inteligente, não é um abestado”, diz o cientista político Murilo de Aragão, presidente da Arko Advice. “Podia ser juvenil em matéria de política, mas acabou se destacando, especialmente no debate sobre a Copa do Mundo.”

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"Falei para o Ronaldo tomar cuidado. No futebol, se a gente erra
um gol, o torcedor perdoa. Na política, se fizer besteira, já era"

Em novembro, Romário foi o destaque da audiência pública da Comissão Especial da Lei Geral da Copa, que contou com a participação do secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, e do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Partiram dele todas as perguntas relevantes sobre as denúncias que rondam a CBF, os gastos públicos na Copa e as tentativas da Fifa de interferir nas leis brasileiras. Sem obter resposta a seus questionamentos, Romário chamou a audiência de circo. Foi seguido por outros parlamentares e a reunião teve de ser encerrada às pressas para evitar que políticos e comandantes do esporte se digladiassem. Em dezembro, a temperatura baixou após uma reunião de Romário com Teixeira e Ronaldo Fenômeno, nomeado para o conselho de administração do Comitê Organizador Local da Copa (COL-2014). “O Ronaldo não emprestaria sua imagem para uma furada”, afirma Romário. Também em dezembro, Romário marcou um golaço ao obter do comitê a garantia de que haverá uma cota de 38 mil ingressos gratuitos para a Copa a portadores de necessidades especiais. “Um dos motivos que me levaram a entrar na política foi a minha filhinha Ivy, que tem síndrome de Down”, diz o ex-jogador. “Vou lutar para melhorar a vida dessas pessoas. Essa é minha maior bandeira.” 

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