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EQUILIBRISTA
Flávia se dedica ao trabalho como turismóloga sem deixar
de lado os bons momentos com a filha Luiza, 11 anos

Desde que as mulheres ingressaram em massa no mercado de trabalho, na primeira metade do século XX, conciliar a vida profissional com as demandas da maternidade sempre foi motivo para um oceano de culpas. O receio de não dar atenção suficiente aos filhos ou de não conseguir corresponder às exigências profissionais ainda hoje atormenta muitas mães modernas. Duas recentes pesquisas, entretanto, indicam que equilibrar carreira e família pode trazer benefícios tanto para as progenitoras quanto para as crianças. Um estudo da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, apontou que mães que trabalham fora são mais felizes e saudáveis do que aquelas que ficam em casa. A conclusão foi tomada após pesquisadores acompanharem 1.364 mães durante os dez primeiros anos de vida de seus filhos. Aqui no Brasil, uma pesquisa realizada pela psicóloga Cecília Russo Troiano com 500 crianças e jovens – metade filhos de mães que trabalham e metade de mães que não trabalham – indicou que os filhos de profissionais são ligeiramente mais felizes e demonstram ter mais orgulho das mães do que dos pais.

"Trabalhar ou não trabalhar deve ser uma escolha da mulher,
sem esperar reconhecimento do marido ou dos filhos"

Cynthia Boscovich, psicóloga

Apesar dos resultados positivos, o conflito entre casa e trabalho ainda é latente para muitas mulheres. “Não tem como não viver uma certa crise”, diz a turismóloga Flávia Vianna, 29 anos. Ela cresceu morrendo de orgulho de ter uma mãe que trabalhava fora, mas, quando chegou a sua vez, vieram as dúvidas. “Você fica o tempo todo se perguntando se está sendo uma boa mãe ao deixar o filho para ir trabalhar.” Grávida aos 18, Flávia teve de equilibrar trabalho, maternidade e faculdade. Saía de casa às oito da manhã e só voltava tarde da noite. Aos poucos, porém, aprendeu que o mais importante não era a quantidade de horas que passava com a filha, mas sim a qualidade do tempo gasto. “Quando eu trabalhava perto de casa, voltava para almoçar com ela. Nos finais de semana, a gente sempre fazia programas juntas, como piqueniques.” Quando questionada se gostaria de ter mais tempo com a mãe, a filha Luiza, hoje com 11 anos, diz que sim, claro. Mas entende a escolha. “Eu gosto que minha mãe trabalhe. Sinto falta dela, mas também quero trabalhar quando crescer”, diz a menina, que quer ser médica veterinária. Para a psicóloga Cynthia Boscovich, especialista nas relações entre mães e filhos, o mais importante é saber equilibrar a dedicação ao emprego e à família. “E que a escolha entre trabalhar ou não trabalhar seja feita em primeira pessoa, sem esperar reconhecimento do marido ou dos filhos.”  

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