Além de ser a peça de maior sucesso de público do teatro brasileiro, assistida por três milhões de pessoas, O mistério de Irma Vap é também o espetáculo nacional que ficou mais tempo em cartaz com os mesmos atores: 11 anos ininterruptos com Marco Nanini e Ney Latorraca. Essa grande comédia, escrita por Charles Ludlam, chega agora ao cinema com direção de Carla Camurati e com o nome de Irma Vap – o retorno. Só que no elenco são quatro atores: além de Nanini e Latorraca, estão também Fernando Caruso e Thiago Fragoso. O segredo do sucesso da peça foi, sobretudo, a ágil troca de roupas e maquiagem dos atores, que entravam e saíam do palco vestidos de um jeito e, segundos depois, retornavam caracterizados em outro personagem. Como no cinema isso não tem graça, e o entra-e-sai seria até cansativo para o espectador, a diretora substituiu a troca de roupas pela troca de identidades. “Agora mudamos rapidamente de personalidade, o que dá a mesma trabalheira”, diz Latorraca sobre as cenas nas quais tanto ele como Nanini contracenam com as suas respectivas duplicidades. “Há todo um efeito especial de jogos de espelhos e a brincadeira fica engraçada”, diz Nanini.

A história de Irma Vap – o retorno segue o clima de nonsense. Um exemplo: o personagem Tony (Nanini) encontra-se “temporariamente” paralítico porque foi atropelado por sua irmã Cleide (Nanini também) e vive trancafiado no segundo andar de uma casa. A partir disso desenrola-se a trama: Fernando Caruso e Thiago Fragoso passam a ensaiar, dentro do filme, a própria peça O mistério de Irma Vap, dirigidos então por Ney Latorraca. Todos se vestem de mulher, mudam de personalidade o tempo todo e a confusão é geral. “Agora eu respeito uma mulher produzida”, diz Nanini. “Para fazer esse filme, além de depilar peito e pernas, eu me apertei em duas cintas e tive de subir no abominável salto alto.” Nanini e Latorraca são amigos há mais de 20 anos. E eles esperam que o filme reforce ainda mais essa amizade. “Somos cúmplices”, diz Latorraca. “Funcionamos na vida como jogadores de futebol, um passa a bola para o outro, é olho no olho, vai que é sua…”