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CORPO A CORPO
Obama em campanha no Iowa, Estado que abrirá o
processo eleitoral do partido adversário, o republicano

A campanha pela reeleição do presidente americano Barack Obama começou de forma inusitada. Em vídeo divulgado no site YouTube, eleitores democratas de diferentes partes dos Estados Unidos explicavam por que Obama deveria concorrer a um segundo mandato. O próprio presidente não apareceu na gravação. A estratégia da campanha era trocar o antigo slogan “Yes, we can” (“Sim, nós podemos”) pelo lema “Begins with us” (“Começa por nós”). Obama, por sua vez, terá de vencer uma sucessão de obstáculos para continuar na Casa Branca. Em situação similar estão dois outros líderes globais: o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, que pretende voltar à Presidência, cargo que já ocupou por oito anos.

Com o mundo em ebulição e a crise econômica exigindo medidas austeras, 2012 será um ano particularmente desafiador para Obama, Sarkozy e Putin. Como as eleições americanas estão marcadas para novembro, Obama é aquele que passará mais tempo atrás de votos – os russos irão às urnas em março e os franceses em abril. Em contrapartida, o presidente americano começa o ano com a popularidade aumentada de 44% para 49% e uma vitória pequena, mas significativa, no Congresso, que manteve por mais dois meses a isenção fiscal de 2% nos salários dos trabalhadores.

Persistem, porém, os problemas estruturais, acrescidos do temor de que as dificuldades da Europa atrapalhem a recuperação americana. “Há três questões centrais na campanha eleitoral: empregos, empregos e empregos”, afirma o analista David Gergen, da Universidade Harvard.

No âmbito político, o principal adversário de Obama na campanha ainda está por ser definido. As eleições primárias entre os pré-candidatos do Partido Conservador começam na terça-feira 3 de janeiro e podem se estender até meados do ano. Em meio ao sobe e desce de pré-candidatos na posição de favorito, surgiu até um defensor de teorias apocalípticas: o deputado pelo Texas Ron Paul. “O dólar acabará se desintegrando”, diz Paul. Embora seja o favorito nas primárias que abrem o processo eleitoral republicano, Paul deve perder terreno no decorrer da disputa por conta de suas ideias heterodoxas. A demora na escolha do principal adversário não altera, porém, os entraves de Obama com dois movimentos antagônicos: o ultraconservador Tea Party, vinculado aos republicanos, e o Ocupem Wall Street, que protesta contra a desigualdade econômica e a ganância coorporativa. A campanha de Obama é parcialmente financiada pelo distrito financeiro de Nova York, o principal do mundo.

Na França, a atuação do presidente Nicolas Sarkozy no combate à crise na zona do euro é decisiva para que ele retome a popularidade, que chegou a baixar a críticos 27% em 2011. O papel de salvador da Europa, no entanto, tem limites muito concretos. No curto prazo é quase impossível encontrar uma solução efetiva para a crise, como já alertou a chanceler alemã, Angela Merkel, parceira de Sarkozy na empreitada. O presidente francês, que ainda não anunciou a candidatura, dependerá também do desempenho do candidato socialista, François Hollande, que por enquanto é o favorito nas pesquisas de opinião. E, ao contrário do que ocorreu em eleições anteriores, em 2012 o partido socialista estará unido. Pela primeira vez na história da agremiação, o candidato foi escolhido por meio de eleições primárias, à moda americana.

O primeiro-ministro Vladimir Putin, da Rússia, aparentemente não precisa se preocupar com candidatos específicos para voltar a ser presidente, cargo que ocupou por dois mandatos consecutivos. Impedido por lei de se eleger pela terceira vez seguida, em 2009 deixou no posto o aliado Dmitri Medvedev, que nem cogitou disputar a reeleição. O que o homem forte da Rússia não contava é com a onda de protestos que se levanta contra ele desde as eleições legislativas do começo de dezembro. Ressaltando que não houve nenhuma fraude para beneficiar o seu partido, Putin garante que “não precisa de trapaça” para vencer. Ele tem, portanto, até março para convencer os russos a manter a histórica condição de comandados por um líder forte e continuarem a votar nele. Em tempos de revoltas até no mundo árabe, será uma tarefa árdua.  

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