Imagine a cena. Toca a campainha na casa de Sérgio Mendes, em Los Angeles, e um rapper de dreadlock – aquele cabelo cheio de trancinhas – aparece com uma pilha de vinis debaixo do braço. É Will.i.am, da banda black Eyed Peas. Ele carrega discos raros do próprio Sérgio Mendes, e isso é a senha para um pedido irrecusável: Will.i.am queria que ele tocasse piano em seu próximo disco. Gravada a música (Insensatez, de Tom Jobim), foi Mendes quem devolveu o convite, sugerindo ao rapper que fizessem um CD juntos. O resultado é Timeless, reunindo clássicos da MPB misturados à batida e ao canto falado do rap.

A primeira música gravada foi Mas que nada (Jorge Benjor), que lançou Sérgio Mendes nos EUA. Outras canções revisitadas foram Berimbau/Consolação (Vinicius e Baden Powell), A rã (João Donato) e Bananeira (também de Donato, com Gilberto Gil). Além de sua banda, Will.i.am levou para o estúdio gente como Jill Scott e Erykah Badu. Stevie Wonder, que estava gravando ao lado, deu uma canja com sua gaita em Berimbau/Consolação. “Eu quis trazer a melodia para o mundo de hoje, para a garotada”, diz Sérgio Mendes.