Os fãs da melhor banda de rock que o Brasil já teve podem comemorar: Os Mutantes, grupo originalmente formado por Rita Lee e os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista no final dos anos 60, têm data marcada para se reunir novamente. Isso vai acontecer em Londres no dia 22 de maio, no Barbican Center, num evento em homenagem à tropicália. Uma boa notícia é que o show, anunciado na programação como “realmente imperdível”, vai virar CD. Uma notícia a lamentar é que Rita Lee, a primeira a sair da banda em 1973, não irá participar do evento londrino – ela tem apenas o seu rosto impresso no cartaz psicodélico. Os Mutantes são um dos grupos mais influentes do País e foram regravados no Brasil por Pato Fu, Marisa Monte e Kid Abelha. Entre os seus fãs internacionais há nomes do porte de David Byrne, Beck, Stereolab, Belle and Sebastian e, claro, o falecido Kurt Cobain, que chegou a declarar publicamente a sua vontade de ver a banda novamente reunida num show. Esse revival vem de longe, desde o lançamento de dois discos inéditos do grupo: O A e o Z (1992) e Tecnicolor (1999), com os maiores sucessos vertidos para o inglês. Esses dois álbuns fazem parte do pacote de oito CDs que a Universal coloca agora no mercado brasileiro e internacional com toda a obra devidamente remasterizada. E as capas dos CDs reproduzem da forma mais fiel possível as capas originais dos discos de vinil.

Entre os oito CDs da Universal, três são fundamentais e correspondem à fase mais tropicalista da banda. São eles: Os Mutantes (com as músicas Panis et circensis, A minha menina e Batmacumba), Mutantes (com Dois mil e um, Fuga nº II e Qualquer bobagem, trazendo na capa Rita em trajes de noiva e os irmãos Baptista como nobres elisabetanos) e A divina comédia ou ando meio desligado (com as faixas Ando meio desligado, Desculpe babe e Hey boy). Esses três CDs têm arranjos de Rogério Duprat e instrumentos eletrônicos criados por Cláudio Baptista. Excelente e criativa anarquia sonora. Nas gravações, o trio (mais tarde acrescido pelo baixista Liminha e o baterista Dinho) lançava mão de toda experimentação – de vaporizador de inseticida a microfones dentro de lata de Nescau. A irreverência e o humor eram regra. Basta ouvir Meu refrigerador não funciona, um blues seguindo a linhagem da roqueira Janis Joplin. Ou, então, o clássico Chão de estrelas, com o verso “mulher, pomba-rola que voou” sobreposto ao som de um helicóptero. É essa criatividade, de décadas atrás, que tanto atrai agora as novas gerações: a banda mineira Pato Fu, por exemplo, regravou Qualquer bobagem, que no original Arnaldo cantava gaguejando. “Agora estamos pensando em alguns nomes para os vocais femininos”, diz o empresário do Pato Fu, Aluizer Malab, organizador do espetáculo. São cotadas, para essa função, Fernanda Takai e Rebeca Matta. Isso para o show em Londres, porque há quem diga que Rita Lee se juntará ao grupo e assumirá o microfone nos shows brasileiros.


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