Cansaço profundo, dificuldade para se concentrar e uma grande falta de disposição para cumprir a agenda do dia. Essas sensações estão cada vez mais comuns. Há um grupo de indivíduos, porém, que não consegue eliminar os sintomas do cansaço jamais. Para eles, a falta de energia e o surgimento de novos sintomas, como dores nas articulações e de garganta, formam um quadro de saúde grave a ponto de impedi-los até de levantar da cama pela manhã. Com o passar do tempo, o impacto dessa condição na qualidade de vida é muito forte: eles deixam de trabalhar, de sair, perdem amigos, casamentos acabam. Essa soma de sintomas é conhecida por Síndrome da Fadiga Crônica.

Diversos estudos estão em andamento para investigar as origens desse problema. Nos Estados Unidos, onde se estima que até quatro milhões de pessoas tenham fadiga crônica, cientistas das universidades Columbia e New York estudam micro-organismos que podem estar envolvidos com a doença. Na Universidade de Utah, especialistas buscam um teste específico para a doença e avaliam os resultados de programas de exercícios de 30 minutos. Uma das notícias mais animadoras nesse campo foi a descoberta de que um remédio usado para inibir o sistema imunológico, indicado a pacientes de linfoma (um tipo de câncer), aliviou a fadiga em 63% dos pacientes que participaram da pesquisa, feita no Haukeland Univerty Hospital, na Noruega.

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EDUCAÇÃO
Segundo o médico Heymann, ainda há muita falta de informação sobre a enfermidade

Ainda há muitos desafios em relação à síndrome. O principal é torná-la mais conhecida entre os médicos. “Há muita falta de informação”, diz o reumatologista Roberto Heymann, da Universidade Federal de São Paulo. Outro é saber diferenciar o cansaço comum do patológico. O diagnóstico é clínico e não existe um exame para comprovar a presença da síndrome. A lista de sintomas físicos e emocionais é grande e qualquer pessoa se identifica com três ou mais deles rapidamente. “A diferença está na intensidade dos sintomas e quando há uma inabilidade do corpo de se recuperar totalmente após uma noite de sono ou temporada de descanso”, disse à ISTOÉ a psicóloga inglesa Kristina Downing-Orr, que lutou anos contra a doença e conseguiu superá-la.

Antes de descobrir que era portadora, a inglesa foi a dezenas de especialistas e ouviu muitas vezes que seus males eram imaginários. No Brasil, não é diferente. Os pacientes que são tratados de fadiga crônica foram inicialmente diagnosticados equivocadamente como neuróticos ou deprimidos. “É necessário pensar na fadiga crônica se o paciente apresenta muitos dos sintomas que o impedem de realizar grande parte das atividades que mantinha há três meses, sem ter outra causa como explicação”, diz o reumatologista Heymann. 

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Com a ajuda de médicos e nutricionistas, Kristina criou um programa de recuperação descrito no livro “Vencendo a Fadiga Crônica” (Ed. Summus). Depois de ler o livro, o médico Heymann acha que ela dá boas instruções no campo psicológico, mas recomenda terapias sem fundamentação científica. Ela contesta dizendo que a comunidade científica não quer investigar novas áreas e afirma que seus trabalhos geraram evidências clínicas de que funcionam. Com os recursos atuais (antidepressivos entre eles), cerca de 10% dos pacientes ficam curados.

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