Smetak - Alquimista do Som

Walter smetak-Alquimista do Som/ Centro Cultural Solar Ferrão, Salvador/ sem data de término

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SINESTESIA
“Tímpanos Grandes” (acima), tambores com sons de acordo com a cor,
e instrumento de sopro (abaixo) para ser tocado por 28 pessoas

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 Se estivesse vivo, Walter Smetak completaria 100 anos em 2013. Nascido em Zurique, filho de imigrantes tchecos, estudou violoncelo em uma das mais conceituadas escolas de música do mundo, o Mozarteum de Salzburg, na Áustria. Em 1937 emigrou para o Brasil e, em 1957, a convite do maestro Hans Joachim Koellreutter, mudou-se para Salvador, passando a lecionar na Faculdade de Música da Universidade Federal da Bahia. Foi na capital baiana que Smetak se tornou muito mais do que um músico erudito. Passou a ser conhecido como o “mago do som” por elevar ao estado de arte sua atividade de luthier, profissão especializada na confecção e reparo de instrumentos de corda. Influenciado por estudos de teosofia, pela contracultura e pela arte concretista, propôs o conceito das Plásticas Sonoras: instrumentos feitos com materiais nada convencionais – cabaças, cordas, tubos de PVC, latas – que uniram o ofício das artes plásticas ao da música, dando a essa experiência uma dimensão que vai muito além da estética.

Suas obras visionárias são objetos criados com o objetivo de superar individualidades e unir as pessoas. Nesse aspecto, elas têm muito em comum com o trabalho terapêutico da artista Lygia Clark, sua contemporânea e de quem foi amigo.

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“A ideia das Plásticas Sonoras tem a ver com uma noção coletiva de criação. São instrumentos impossíveis de serem tocados apenas por uma pessoa. Só fazem sentido quando duas ou mais tocam ao mesmo tempo”, explica Bárbara Smetak, filha de Smetak, responsável pelo espólio e pela curadoria da mostra “Smetak – Alquimista do Som”, em cartaz no Solar do Unhão, localizado no Pelourinho.

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INVENTOR
Walter Smetak emigrou para o Brasil em 1937

Com projeto expositivo do arquiteto André Vainer, a mostra reúne 115 obras, entre partituras, livros escritos pelo artista e suas famosas Plásticas Sonoras. Exemplos das esculturas musicais presentes na mostra são “Pindorama”, um instrumento de sopro que era tocado por 28 pessoas ao mesmo tempo, e “Tímpanos Grandes”, também executada por mais de uma pessoa, em que os sons percussivos são associados a uma escala cromática de inspiração sinestésica.

Sem a experimentação de Smetak o tropicalismo não teria acontecido. Sob sua batuta estiveram Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé, cujas inventivas maluquices musicais não teriam sido possíveis sem suas propostas. “A obra de Smetak continua viva. Existe um grande grupo de estudiosos que nos procuram para ter acesso aos instrumentos”, comenta Bárbara, que tenta negociar a venda do acervo recentemente restaurado ao governo do Estado da Bahia.


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