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ALTA FIDELIDADE
Chico Buarque, Marcelo Yuka e Maria Rita investem no LP, hoje visto como sofisticado

Ao ser lançado há mais de duas décadas, o CD acabou com o reinado do disco de vinil. Durante esse tempo, no entanto, o chamado bolachão nunca deixou de ser consumido, especialmente por colecionadores que julgam a sua qualidade sonora superior à proporcionada pela nova tecnologia. Agora, quando é o CD que se vê ameaçado pelo download de músicas e pela chegada ao Brasil da loja iTunes, a mais famosa do gênero no mundo, é justamente o vinil que retorna – e não como raridade, mas em lançamentos inéditos. A tendência já consolidada no Exterior ganha força no País com os recentes trabalhos de Chico Buarque, Maria Rita e Marcelo Yuka, por exemplo. “O vinil é um objeto de desejo das pessoas e vai ficar ainda muito tempo no mercado”, afirma o produtor musical João Marcelo Bôscoli, um dos donos da gravadora Trama. Somente isso explicaria o retorno ao formato analógico em plena era dos tocadores de MP3, um paradoxo que não incomoda artistas como Yuka. Previsto para o início de 2012, seu primeiro trabalho solo será lançado tanto no velho LP como na versão em CD. “Meu novo projeto vai trazer o vinil como produto principal”, diz o músico, dono de seis mil bolachões.

A onda vintage vem se mostrando uma boa saída em tempos de pirataria, mas, ao contrário do que possa parecer, envolve custos elevados. Como as fábricas são poucas e a prensagem de discos ainda não voltou aos antigos patamares, um vinil custa em média R$ 100 para o consumidor. Para reverter o quadro, a Polysom, única fabricante do gênero no País, recebeu investimentos tendo em vista a melhoria da qualidade. “É a carga tributária que torna o produto caro”, afirma o executivo João Augusto, que também é dono da gravadora Deck Disck. Mesmo assim, de lá já saíram reedições de trabalhos clássicos de Jorge Ben, Ultraje a Rigor, Titãs, Tom Zé, Secos & Molhados, Rita Lee e Chico Science, antes vendidos nos sebos por preços muito mais altos. Com a adesão de artistas do primeiro time, a tendência é aumentar os lançamentos inéditos.

Do lado das majors, o entusiasmo também existe, como atesta Sérgio Affonso, presidente da Warner: “É um mercado que está se consolidando em alguns segmentos, mostrando-se representativo e sofisticado”, diz ele. Não se está negando que o download pago de músicas vai se tornar a principal fonte de arrecadação das gravadoras.

A novidade é o bolachão ter resistido tanto tempo e hoje conviver com esse novo formato – e não mais como relíquia de saudosistas.

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