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ACESSOS
“População já amplia o site”, diz Raquel Queiroz, idealizadora do projeto

Os políticos envolvidos em casos de corrupção não terão vida fácil nas próximas campanhas eleitorais. Além da Lei da Ficha Limpa, aumenta a cada dia o número de internautas que alimenta com informações o Mapa da Corrupção no Google Maps. Criado há seis meses com apenas 20 casos, o aplicativo da internet conta hoje com mais de 200 registros de desvios de conduta da vida pública brasileira, alguns, inclusive, com tradução para o inglês. No balanço digital da corrupção de norte ao sul do País, dividido por municípios, os principais partidos brasileiros têm cadeira cativa no rastro das fraudes cometidas por seus filiados. Estão todos lá: PT, PSDB, PMDB, DEM, PR e PSB. E novos episódios se eternizam na internet. “A população está ampliando o site. Os casos mais importantes de corrupção da semana são incluídos. Os acessos já passaram de 100 mil”, conta a editora de imagens Raquel Diniz, idealizadora do projeto.

O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) é um dos alvos preferidos dos internautas. O ex-governador do Rio concluiu na semana passada um malabarismo com o inimigo político Cesar Maia para se lançar candidato ao Palácio Guanabara em 2014 com o apoio do DEM, partido do ex-prefeito. Mas terá um osso duro de roer pela frente. Se entre os políticos tudo é perdoado, Garotinho terá que se desdobrar para apagar da memória dos eleitores que, em agosto de 2010, foi condenado a dois anos e seis meses de reclusão por formação de quadrilha. Há outros exemplos no Rio de Janeiro, que encabeça a lista da Polícia Federal de Estados com maior número de crimes eleitorais. Nos últimos quatro anos foram 3.409 casos. Entre eles o do prefeito de Campos, Alexandre Mocaiber, e três secretários municipais, que foram afastados pelo Ministério Público Federal do Rio pelo favorecimento de empresas contratadas sem licitação pública.

Mas, em São Paulo, foi justamente uma licitação que levou o ex-governador José Serra e o governador Geraldo Alckmin para as páginas do Google Maps. Os vencedores da concorrência para os lotes 3 a 8 da linha lilás do metrô, aberta em outubro de 2008, mas divulgada somente em outubro de 2010, já eram conhecidos há muito tempo. Em abril, a “Folha de S. Paulo” registrou os nomes dos ganhadores em cartório e esperou o anúncio oficial. Naturalmente, a estatal paulista e os consórcios negaram qualquer fraude. Em outro exemplo, o caso da máfia da merenda em São Paulo igualou petistas e tucanos. O MP do Estado investigou supostos pagamentos de propina na prefeitura paulista, que teriam ocorrido na gestão de Marta Suplicy, José Serra e, mais tarde, na de Gilberto Kassab, atual presidente do PSD.

O recorde pessoal de citações pertence ao ex-ministro Antônio Palocci. Entre outros casos ele ainda é acusado de ter direcionado a licitação de cestas básicas, na prefeitura de Ribeirão Preto, ao exigir molho de tomate com ervilha. Também é apontado pela violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, fato que levou à queda de Palocci do ministério da Fazenda no governo Lula. Recentemente, a multiplicação de seu patrimônio por 20 em quatro anos tirou-o do governo Dilma Rousseff.

O Mapa da Corrupção é bem mais amplo. Vai do desfalque de R$ 1,7 bilhão do programa de distribuição gratuita de remédios, em Barão de Cotegipe, no Rio Grande do Sul, à denúncia de que existe uma quadrilha no legislativo do município cearense de Ibaretama. Também são citados o mensalão do PT, o escândalo da CBF e a demissão de ministros de Dilma. O Mapa, portanto, é um mecanismo essencial para os eleitores. Raquel Diniz teve a ideia de criar o banco de dados sobre falcatruas de políticos depois de uma temporada de dois anos na Espanha. Ela ficou surpresa com a enorme mobilização dos espanhóis contra medidas do governo. “A indignação teve o suporte das redes sociais. Aqui, o mapa vai ajudar o eleitor a saber se um candidato está envolvido ou não em algum caso de corrupção”, diz.

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