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O show não pode parar. Fiel a essa máxima do mundo do entretenimento, a trupe canadense Cirque du Soleil associou-se à família Jackson e lançou em Las Vegas, na semana passada, “Michael Jackson – The Immortal World Tour”, um megaespetáculo que está sendo considerado o verdadeiro tributo ao rei do pop. Como já fez com o grupo de rock The Beatles em “Love” e com o cantor Elvis Presley em “Viva Elvis”, o Cirque conta a trajetória de Michael Jackson em um formato híbrido de show que une coreografia a acrobacias circenses. A música ao vivo e projeções em HD completam o tom futurístico e gigantesco em voga. E é a música, claro, que conduz o espectador nessa viagem pela carreira do cantor, morto em 2009 aos 50 anos. O encadeamento da trama é cronológico, por meio de canções eternizadas por Jackson, e isso permite associações e liberdades poéticas. É a lona tecnológica do “novo circo” fundida à fantasia da terra do nunca de Neverland.

Facilmente identificáveis são os portões dourados da mansão de Neverland que funcionam como porta de entrada para a infância de Jackson. O sucesso “ABC”, dos Jackson 5, grupo ao qual ele pertenceu até a juventude, aparece então em uma versão que foi mantida inédita até hoje. A partir daí, música e efeitos especiais se misturam em uma jornada pelos hits do cantor. “Wanna Be Starting Something” traz dançarinos em roupas tribais diante da residência-castelo do artista. Em “Dangerous”, uma acrobata é cercada por gângsteres e apresenta um número de pole dance que envolve risco e fantasia. “Man” faz referência à participação do jogador de basquete Michael Jordan no videoclipe dessa canção e funde passos de hip-hop com lances do esporte que o imortalizou. Num momento de impacto, o logotipo de Neverland aparece em 3D embalado pela melodia de “Human Nature” – é a hora de Jackson surgir criança sentado em uma lua crescente, com artistas “voando” sobre a plateia.

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RITMO
Acrobatas e bailarinos no número sobre os Jackson 5:
liberdade visual e versão inédita do sucesso “ABC” só agora revelada

Sempre aberta a colaborações dos maiores nomes do teatro e da dança (já trabalhou com o diretor canadense Robert Lepage e a coreógrafa brasileira Deborah Colker), a companhia de Guy Laliberté escolheu alguns nomes de peso na empreitada. Para cuidar da parte da dança, uma das especialidades de Jackson, foi selecionado o bailarino e coreógrafo Jamie King, que tem no currículo passagens por shows de Prince, Madonna e do próprio Michael Jackson e é considerado o maior diretor de shows da atualidade. Foi ele quem coreografou e assinou a direção dos recentes shows de Rihanna, Spice Girls, Britney Spears, Pink, Ricky Martin e Christina Aguilera, entre outros. Em “The Immortal World Tour” vai mais longe: assina também o roteiro e a direção final. Do lado cenográfico, outra marca que é sinônimo de gigantismo: o designer Mark Fisher, responsável pelo visual ao vivo da banda irlandesa U2 na turnê “360º” e pelo palco de “The Wall”, do ex-Pink Floyd Roger Waters. Além de reproduzir o cemitério do video­clipe de “Thriller”, Fisher concebeu para o espetáculo um telão de LED em alta definição que se move e se transforma em uma rampa para os dançarinos enquanto são exibidas imagens de Jackson. Esses são os números mais emocionantes do espetáculo, que conta ainda com a colaboração de Travis Payne, coreógrafo que trabalhou pessoalmente com Jackson nas preparações de “Is This It”, o show milionário que o cantor estava preparando quando morreu.

No segmento que tem como fundo musical a música “Beat It”, aparecem em escala gigantesca conhecidos objetos e adereços que se tornaram a marca registrada de Jackson, como as luvas prateadas, os sapatos de verniz e o chapéu-coco usado nos passos de “moonwalk”. A equipe teve acesso à memorabilia do cantor por se tratar de uma homenagem produzida em parceria com a sua família, por meio de quem cuida de seu espólio, a MJ Estate. Nas negociações, decidiu-se que os custos de produção seriam divididos igualmente entre as duas partes, e que os três filhos de Jackson receberiam direitos autorais pelas 32 músicas usadas no espetáculo. Exatamente por se tratar de uma produção familiar, as conhecidas excentricidades do popstar ficaram de lado. Ainda assim é possível detectar em cena algumas de suas extravagâncias, como a árvore de 12 metros de altura e 5,5 mil quilos, réplica da “Giving Tree”, que ele projetou e manteve no quintal de Neverland.

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FANTASIA
Michael Jackson aparece como criança: a marca
de Neverland em 3D e voo de artistas sobre a plateia

A megalomania se reflete também nos números do show. Tudo é astronômico. Durante as duas horas de encenação, os 65 artistas vestem 252 figurinos. Ao todo, o staff soma 220 pessoas. Essa grande equipe se justifica. Uma das marcantes características de “The Immortal” é que ele não vai ficar baseado em apenas uma cidade. Se para assistir a “Viva Elvis”, por exemplo, é preciso ir até Las Vegas, o tributo a Michael Jackson fará como os grandes concertos musicais: seguirá em turnê pelo mundo. O Brasil ainda não está incluído na excursão, mas, como já se tornou um roteiro habitual do Cirque, certamente será contemplado com mais essa extravagância relacionada a tudo que diz respeito a Michael Jackson e ao Cirque du Soleil.  

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