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DELETADO
Rabelo mostra o nu artístico bloqueado pelo Facebook

Em 32 anos de carreira, o fotógrafo Fernando Rabelo diz que não se lembra de ter sofrido qualquer tipo de censura. A primeira vez que isso aconteceu foi há alguns dias, em plena democracia, e a foto banida nem sequer foi feita por ele. Dono de uma página com quase cinco mil seguidores no Facebook, desde o ano passado ele posta imagens de renomados fotógrafos. Além dos créditos, Rabelo publica uma explicação sobre o contexto em que cada instantâneo foi feito. No dia 22 de novembro, o clique escolhido foi da fotógrafa francesa Sylvie Lancrenon. O retrato é da atriz Emmanuelle Béart, musa do cinema francês, publicada no livro “Cuba Libre”. Ela está nua, sentada em uma cama, em uma pose longe de ser pornográfica.

Assim que a imagem foi deletada, Rabelo recebeu um aviso. “Este é o seu segundo aviso sobre violação à Declaração de Direitos e Responsabilidades do Facebook. Você foi proibido(a) de publicar conteúdo no site durante 24 horas. Se continuar abusando dos recursos do Facebook, sua conta poderá ser desativada permanentemente.” A primeira foto havia sido removida em setembro, e era de autoria do alemão naturalizado australiano Helmut Newton.

“Foi uma atitude arbitrária”, afirma Rabelo. “Mesmo que seja capaz de fazer essa detecção, o Facebook deveria ter avaliado melhor uma foto ‘curtida’ por mais de 400 pessoas”, diz, referindo-se à função da rede social em que as pessoas avaliam positivamente uma postagem. Questionado por ISTOÉ, o Facebook explicou que há dois mecanismos de detecção de imagens de nudez no seu sistema. O principal, segundo o site, são as denúncias dos próprios usuários. Também há os sistemas automatizados, que detectam a postagem de conteúdo que viole os termos de uso da rede, entre eles, nudez, pornografia e violência.

Sobre o caso do fotógrafo carioca, a assessoria de imprensa do Facebook no Brasil enviou a seguinte explicação à ISTOÉ. “Nossa política proíbe nudez e é concebida para assegurar que o site permaneça um ambiente seguro e confiável para todos, inclusive as muitas crianças (acima de 13 anos) que utilizam o serviço”, diz a resposta. Ainda que tenha ficado indignado, Rabelo diz que não vai continuar a postar fotos que possam ser censuradas, muito menos tentar alguma ação na Justiça contra a rede social. “Retirei da minha página dez imagens já postadas que poderiam ser censuradas”, diz. Ele argumenta que a rede é importante na divulgação de seu blog sobre fotografia, que é finalista de um prêmio da categoria. “Por enquanto ainda não temos escolha.”

20 anos sob controle

O Facebook e a Federal Trade Commission (FTC), órgão do governo americano de defesa do consumidor, anunciaram na semana passada um acordo no qual a rede social se compromete a passar por auditorias que terão acesso a todos os bancos de dados dos usuários e aos registros do sistema pelos próximos 20 anos. Assim, será possível verificar se a empresa respeita as políticas de privacidade publicadas no site. No blog oficial da rede, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, reconheceu erros do passado. O acordo também proíbe o site de fazer declarações falsas sobre a privacidade de usuários ou a segurança dos dados informados. A primeira auditoria deve ser realizada em 180 dias. Depois desta, elas serão feitas a cada seis meses.