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REPUTAÇÃO
Para fabricantes da Escócia, a nova bebida utiliza o nome uísque indevidamente

"Qualquer coisa em excesso é ruim, mas um bom uísque em excesso é apenas suficiente." A frase do escritor americano Mark Twain (1835-1910) define a adoração que esse destilado desperta, há séculos, em consumidores do mundo todo. Produzido com água, fermento e grãos – que podem ser trigo, milho, centeio, cevada ou malte – a bebida caiu no gosto de homens e mulheres por seu sabor complexo e sua textura aveludada. O que seus apreciadores não imaginavam, porém, é que pudesse existir uma versão com teor alcoólico igual a zero. Uma marca americana anunciou o lançamento do que chama de “o primeiro uísque sem álcool do mundo”, uma bebida com sabor de uísque, mas sem a graduação alcoólica de 38% a 54% da versão normal. Desde 1º de dezembro ela está sendo comercializada em garrafas de um litro e em latinhas de 355 ml e tem como público-alvo mulheres grávidas, ex-alcoólatras, abstêmios por opção e religiosos.

Essa novidade, no entanto, não está sendo bem recebida pelos tradicionais produtores de uísque da Escócia. Para a Associação Escocesa do Uísque, organização que regulamenta e fiscaliza a produção do destilado, o que a empresa, chamada Arkay Beverages, está fazendo é crime. Em comunicado oficial, a entidade declarou ser impossível produzir um uísque com teor alcoólico zero. E que o nome uísque, segundo uma lei do Reino Unido, só pode ser usado para descrever bebidas destiladas a partir de cereais e envelhecidas em barris de madeira. “Essa marca está se aproveitando da boa reputação do uísque para vender uma bebida que, na verdade, é um refrigerante com sabor artificial de uísque”, disse Glen Barclay, diretor jurídico da associação. Em sua defesa, a Arkay afirmou que o produto é o resultado de cinco anos de estudos e respeita todos os padrões de qualidade dos Estados Unidos e da Europa.

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SABOR
Segundo a Arkay, o uísque sem álcool tem o mesmo gosto da versão alcoólica

Apesar da polêmica, a popularidade do uísque cresce a cada gole, seja ele com gelo ou sem. Mais de 100 anos depois que Twain bebericou seu último copo, a procura pelo característico sabor de malte tem aumentado, especialmente nos países emergentes. Segundo a Associação Escocesa do Uísque, só no primeiro semestre de 2011, as importações da bebida subiram 49% na América Central e Latina, em relação ao mesmo período de 2010, atingindo a cifra de 214,4 milhões de libras. Ao considerarmos apenas o Brasil, o aumento chegou a 56%, gerando lucro de 44,8 milhões de libras. Em tempos de Lei Seca, resta saber se o uísque sem álcool fará tanto sucesso quanto sua inspiração alcoólica no paladar dos brasileiros.

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