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Neste momento, alguns dos mais importantes cientistas da área do envelhecimento estão se dedicando ao estudo de duas substâncias: o resveratrol e a rapamicina. A primeira, extraída da uva, e a segunda, usada em transplantes, são hoje as promessas mais consistentes da ciência com potencial para barrar os efeitos do tempo e permitir ao homem realizar o sonho de viver mais. São as novas pílulas da juventude.

O resveratrol é o que se encontra em estágio mais próximo de chegar às prateleiras – embora isso vá levar alguns anos, mesmo considerando que as pesquisas continuem evoluindo bem. O composto é a estrela da empresa Sirtris, um braço da fabricante inglesa de remédios Glaxo Smith-Kline dedicado à criação de drogas contra doenças associadas ao envelhecimento. A companhia tem dois produtos à base de resveratrol sendo testados em seres humanos. Nas etapas anteriores, os remédios se mostraram seguros e bem tolerados.

O objetivo do estudo atual é testar a eficácia. Em grande parte dos trabalhos feitos em laboratório, com animais, a substância estendeu o tempo de vida das cobaias. Um dos trabalhos, feito há um ano sob o patrocínio do National Institute on Aging, dos EUA, revelou, por exemplo, que ratos submetidos a uma dieta calórica enriquecida com resveratrol viveram mais do que aqueles que não receberam a substância. O cientista Leonard Guarante, do Massachusetts Institute of Technology e um dos pioneiros na investigação sobre o poder do resveratrol, considera que pesquisas como esta são a prova do potencial do composto. "Acredito que conseguiremos uma pílula para prevenir e tratar os efeitos do envelhecimento", disse à ISTOÉ. "E o resveratrol é um forte candidato."

A comprovação do potencial da rapamicina é mais recente. Em artigo publicado em junho na revista "Nature", cientistas do Barshop Institute for Longevity and Aging Studies, da Universidade do Texas (EUA), demonstraram que a expectativa de vida dos animais usados foi elevada em até 38% após o uso da droga.

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O resultado impressionou os pesquisadores. Descoberta na década de 70, a rapamicina é uma substância fabricada por uma bactéria encontrada no solo da Ilha de Páscoa. Sintetizada em laboratório, é usada após transplantes porque diminui a ação do sistema de defesa do paciente – nesses casos uma estratégia necessária para evitar a rejeição ao órgão transplantado.

Mais recentemente, algumas pesquisas sugeriram efeito antitumoral e também no combate ao acúmulo de proteínas que podem levar a doenças como o mal de Alzheimer. Foram essas ações que despertaram a curiosidade e levaram à investigação de sua capacidade antienvelhecimento. Mas os cientistas não imaginavam que os resultados fossem tão bons. "Seu desempenho nos surpreendeu", disse à ISTOÉ o pesquisador Arlan Richardson, diretor do Barshop Institute e coordenador do trabalho publicado na "Nature".

Um dos fatos que mais chamam a atenção nos estudos sobre as duas substâncias é que, embora tenham origens diferentes, elas apresentam a mesma ação contra o envelhecimento. Do que se sabe, os compostos enganam o organismo das cobaias, fazendo com que o corpo se comporte como se estivesse submetido a um regime de pouca ingestão calórica (leia mais detalhes no quadro abaixo). E isso é interessante porque há grandes indicações de que dietas de baixa caloria estendem o tempo de vida, como demonstraram trabalhos realizados em animais.

É verdade que isso não é consenso entre a comunidade científica. Professor do Departamento de Genética do Albert Einstein College of Medicine, nos EUA, o cientista Jan Vijg, por exemplo, defende que as pesquisas sobre as substâncias oferecem resultados que podem não ser repetidos em humanos. "Somos muito mais complexos do que as cobaias", disse à ISTOÉ. "E se mudarmos reações metabólicas por meio de remédios poderemos sofrer muitos efeitos colaterais", ponderou. Está aí o desafio: criar pílulas da juventude que de fato nos permitam viver mais, como parece ser o caso do resveratrol e da rapamicina. Mas elas também precisam nos fazer viver melhor.


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