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DESPESAS Rodrigo Ângulo: 45 m2 decorados com cadeiras e abajur de Phillipe Starck

Em Londres, Nova York, no Rio de Janeiro ou em qualquer outra metrópole a realidade é a mesma: os apartamentos estão cada vez menores. A novidade é a maneira de lidar com eles. Se antes o tamanho da moradia decidia o luxo dos móveis e a decoração, hoje o conceito tende a se inverter. Ou seja, quanto menor o espaço, mais se gasta em soluções criativas. É possível ter um closet, um home theater e até uma adega, dependendo do desejo do morador. Como? Elegendo prioridades. Se o dono da casa é um gourmand e quer ter uma cozinha equipada, precisará abrir mão de uma área de serviço, por exemplo. Outros truques são a escolha acertada da tinta, do piso, dos espelhos e da derrubada de paredes. Mas, atenção, não é porque o espaço é minúsculo que o orçamento da obra também será reduzido. Luxo é luxo em qualquer endereço e bons artigos elevam bastante o preço.

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O arquiteto Rodrigo Ângulo, 39 anos, consumiu aproximadamente R$ 60 mil na reforma do seu apartamento de 45 m2 na Vila Madalena, em São Paulo. Quando comprou o imóvel, em 2005, não pensava em se casar. Reformado, o lugar foi tão bem aproveitado que hoje é suficiente para ele e sua mulher, a personal trainer Claudia, 33 anos. "Só precisei usar o espaço que seria da tevê com um armário para ela", conta Ângulo, que projetou a reforma com a arquiteta Ana Galli.

O banheiro ganhou tratamento vip – espaçoso e com dois chuveiros, é o único cômodo da casa isolado por paredes. Cozinha, quarto, sala e escritório estão demarcados, mas no mesmo ambiente. "Uma arrumação bem planejada dos móveis se encarrega da divisão interna. Não aconselho demarcar os ambientes com a pintura das paredes ou pisos de padrões diferentes", diz o arquiteto carioca Maurício Nobrega. "Tampouco com móveis altos. É melhor colocar uma bancada do que uma estante, por exemplo."

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SOLUÇÃO A decoradora optou pela iluminação localizada, para evitar a sensação de aperto

Cores claras também levam à ilusão de mais espaço. Mas, como toda regra, essa também tem exceções, como explica a arquiteta carioca Deborah Brauer. "Uma parede em tom escuro até dá mais profundidade." No estúdio de 56 m2 que ela criou para a edição atual da Casa Cor no Rio de Janeiro, uma delas recebeu um papel estampado. "Em compensação, a outra é espelhada, o que faz o ambiente parecer duas vezes maior", argumenta. O uso de espelhos é unanimidade. "Uma porta de armário espelhada já dá sensação de amplitude", diz a arquiteta Patrícia Agostini, que usou esse truque em seu estúdio de 35 m2 na versão carioca da mostra Morar Mais Por Menos. Apertando aqui e ali, ela encontrou espaço até para um pequeno closet.

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Outro artifício é a iluminação. A decoradora Carla Sant’anna, que comandou a reforma de um conjugado de apenas 24 m2 no Flamengo, zona sul do Rio, optou pela iluminação localizada. Ou seja, evitou o uso de luminárias grandes e centralizadas, que reforçam a sensação de aperto. Para fazer cozinha, sala, quarto, banheiro e até lavanderia caberem no pequeno apartamento, lançou mão de soluções como portas de correr e gavetas acoplados em móveis – até na cama. "A moradora queria conforto", diz Carla, referindo-se à proprietária, a empresária Claudia Bravo, que desembolsou R$ 40 mil.

O investimento compensa, afirma o professor de lutas carioca Charles França, 34 anos. Seu apartamento de 28 m2 no Leblon, zona sul do Rio, passou por uma transformação que, segundo o arquiteto Odilon de Carvalho, custou cerca de R$ 12 mil. "Moro perto do trabalho, tenho uma vista linda e queria um apartamento prático e confortável", diz França. "Ele queria um home theater, então mandei fazer uma cama de alvenaria com almofadas para colocar na sala, onde também coube uma grande tevê de plasma", diz Carvalho. Em vez de gastar o dinheiro num apartamento maior, o professor preferiu uma moradia menor, mas com estilo.

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