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BATALHA
Em “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, com estreia em
2012, o inglês Tom Hardy vive o maldoso hondurenho Bane

Não existe herói sem vilão e esse embate do bem contra o mal é sempre melhor quando a disputa não se resolve apenas com sopapos e saraivada de balas. Em mais de cem anos, essa é a regra em Hollywood. Com o aumento dos filmes em série, a novidade das grandes produções não é tanto o mocinho, mas a ameaça representada por sua legião de inimigos. Não se trata, portanto, de apenas selecionar um time de vilões convincentes para o momento atual: é preciso encontrar, também, atores capazes de dar credibilidade a suas ações malévolas. Na galeria de tipos odiados do cinema, alternaram-se nazistas, japoneses, russos e, recentemente, terroristas árabes. Agora, a moda parece voltar-se para os tipos latinos. Tudo leva a crer que diante da atual política de respeito ao multiculturalismo, essa etnia se mostra mais abrangente e, de outro lado, permite a renovação do time de estrelas, até então voltado para países como a Inglaterra e a Austrália.

É o caso de Bane, o grande adversário de Batman em “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, último filme da trilogia sobre o homem morcego dirigida por Christopher Nolan. A nova ameaça não nasceu em Gotham City, mas sim em um país caribenho dominado pela ditadura. Na falta de um ator latino para interpretá-lo, Nolan lançou mão do inglês Tom Hardy, que já mostrou como pode ser amedrontador ao viver nas telas o ator Charles Bronson na cinebiografia “Bronson”. A reação veio em peso: o diretor está sendo acusado de racismo e de promever um “embranquecimento” do personagem. Ou seja: a defesa da “cota de morenos” está com lobby forte, nem que seja pela via da maldade.

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Bandidos latinos não são novidade no cinema americano. Eles andaram em voga nos anos 1980 em filmes policiais que ilustravam a guerra contra as drogas empreendida por Ronald Reagan. E esse clichê continua ditando algumas histórias, como é o caso de “Savages” de Oliver Stone sobre dois plantadores de maconha sequestrados por um cartel de drogas no México. Na pele do violento chefe da máfia chamado Lado está o porto-riquenho Benício del Toro. Vencedor de um Oscar com um personagem saído do mesmo universo, o espanhol Javier Bardem vai ter um upgrade em crueldade na nova aventura do agente secreto 007. Na luta contra o sempre bem municiado James Bond (Daniel Craig), ele será um vilão possuidor de armas mais sofisticadas do que a máquina de ar comprimido usada em “Onde os Fracos Não Tem Vez”, dos irmãos Joel e Ethan Coen.

A aventura cujo título não-oficial é “Skyfall” tem data marcada para ser lançada – 5 de outubro de 2012, mesmo dia e mês que o agente britânico estreou em “007 contra o Satânico Dr. No” há cinco décadas. As aventuras mitólogicas e as ficções científicas também têm optado por astros de origem hispânica. Sempre cogitado, o argentino Ricardo Darín está se tornando um chato: só diz não. O venezuelano Edgar Ramirez, que brilhou na minissérie “Carlos”, será o deus de má índole Hades na segunda parte de “A Fúria dos Titãs”. Ele foi sondado para ser o novo vilão – general Zod – da próxima aventura “Superman: o Homem de Aço”.

 

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Na mesma leva figura o ator brasileiro Wagner Moura, no momento atuando como um badboy latino-americano na ficção cientifica “Elysium”, do canadense de origem sul-africana Neill Blomkamp, prevista para o ano que vem. Sobre a trama, passada em outro planeta e daqui a um século, o autor de “Distrito 9” adiantou apenas que será “bastante violenta”. Para a escolha de Moura, que marca a sua estreia no cinema americano com um blockbuster de US$ 120 milhões, pesou muito a farda preta do Capitão Nascimento, de “Tropa de Elite”. Aos olhos de Hollywood, os expedientes do policial carioca na formação de militares bem treinados e no combate ao crime tinham lá seu lado de pura vilania.