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TRICAMPEÃO
Marcel Stürmer, que faz shows para sobreviver,
foi ouro nas últimas três edições do Pan

Para o boliche e a patinação nacionais, um Pan-Americano tem importância de Olimpíada. É a vitrine mais nobre para mostrar suas virtudes ao público e para quem decide quais esportes entram na primeira fila na hora de receber benefícios filtrados pelo Comitê Olímpico Brasileiro. “Entendo que alguns tenham preconceito em considerar séria uma modalidade praticada num local onde os jogadores comem batatinha e tomam cerveja”, diz Cesar Maciel, secretário-geral da Confederação Brasileira de Boliche. Segundo ele, isso não é razão para que os jogadores que representam o País recebam o bolsa-atleta cerca de quatro meses depois dos esportistas das modalidades olímpicas.

O boliche brasileiro veio para Guadalajara com uma equipe de quatro atletas. Márcio Vieira, 58 anos, é o único que vive exclusivamente do esporte. Não que tenha patrocínio, mas porque é sócio das três melhores pistas do Rio de Janeiro. Marizete Scheer, 37 anos, trabalhava em um boliche de Belo Horizonte até dois meses atrás, mas foi demitida. Agora depende basicamente do bolsa-atleta. Como tem nível internacional, recebe R$ 1,8 mil por mês. Se fosse nacional, ficaria com a metade. Tem gente que leva muito a sério o boliche como atividade esportiva. Só que fora do Brasil. Localizada em Babson Park, na Flórida, nos Estados Unidos, a Universidade Webber arrebanha talentos em várias partes do mundo. Dois deles são os brasileiros Marcelo Suartz e Stephanie Martins, que completam o time nacional em Guadalajara. Enquanto se gradua em maketing, Marcelo coleciona títulos. Na temporada 2010/2011, foi eleito o melhor jogador universitário dos Estados Unidos. “Tenho à minha disposição o melhor centro de treinamento do mundo”, diz. “No Brasil, teria de pagar para treinar num lugar sem essa estrutura.”

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PÓDIO
Marcelo Suartz, que treina nos EUA, faturou o bronze no Pan

A patinação artística usa as conquistas como estratégia para ser levada a sério. A modalidade tem a impressionante marca de 100% de aproveitamento em Pan-Americanos. Todos os atletas enviados trouxeram medalhas na mala. Neste ano foram dois. Marcel Stürmer é a maior estrela nacional. Conquistou o ouro em Santo Domingo 2003, Rio 2007 e agora em Guadalajara. Apesar disso, não tem o privilégio de viver exclusivamente do esporte. “Completo minha renda fazendo shows de patinação, principalmente na Europa.” Talitha Haas, de apenas 16 anos, enfrenta situa­ção mais precária. Não tem patrocinadores e conta com a ajuda financeira dos pais para poder participar de competições no Brasil. “Se não fosse a tia Laura, acho que nem estaria aqui em Guadalajara”, diz ela, referindo-se a Laura Dias Pantoja, presidente da Federação Gaúcha de Patinagem. Mesmo assim, Talitha foi a primeira patinadora brasileira a ganhar uma medalha de bronze em um Mundial, em 2009 na Alemanha. Repetiu o feito no Pan-Americano de Guadalajara. Pelo que foi investido nela, deve ter sido uma das medalhas mais em conta que o Brasil ganhou.

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