MARIA BONOMI EM BRASíLIA – Da gravura à Arte Pública/ Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília/ até 8/1/2012

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REPRESSÃO
Xilogravura “Balada ao Terror” (1970), 
produzida durante regime militar

Em 1938, o líder comunista Leon Trotski, o surrealista André Breton e o artista Diego Rivera se reuniram para debater o papel da arte em um mundo pré-guerras. O resultado foi o manifesto Por uma Arte Revolucionária Independente, que pregava a importância dos grandes murais – arte na qual Rivera é mestre – como um instrumento de tomada de consciência. Naquele período ainda não se falava em arte pública ou arte de rua como as concebemos hoje. A ideia estava mais ligada aos efeitos pedagógicos provocados pelo impacto da monumentalidade. Na exposição “Maria Bonomi em Brasília – da Gravura à Arte Pública”, retrospectiva que abarca 60 anos da produção dessa importante artista nascida na Itália e radicada em São Paulo, é possível perceber essa concepção política e revolucionária da arte pública.

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TRAMAS
Xilogravura “AN-AM” (1970)

Para Maria Bonomi, o que vale na arte é seu efeito político: seja ele produzido pelo mural, seja pela gravura em pequena dimensão, seu formato mais praticado. “É possível transformar uma gravura pequena da Maria em um tamanho grandioso, e o trabalho, ainda sim, resiste à mudança de escala. Você tem um objeto denso e admirável”, diz o historiador Jorge Coli, curador da mostra. A retrospectiva é organizada em três núcleos conceituais: os anos de formação, a arte política e o universo feminino. Em qualquer um deles, percebe-se que Maria Bonomi possui uma constância formal e conceitual em sua produção como poucos artistas em longa atividade.

No primeiro segmento, estão expostas as obras de caráter monumental, além das matrizes que geraram trabalhos em grande formato. Há também uma projeção de imagens de suas obras públicas, como o painel “Etnias”, que integra o Memorial da América Latina, em São Paulo. Entre os trabalhos que a artista assumidamente dedicou à questão feminina, convivem elogios e críticas. Em 1969, ela produziu “Homenagem a Nara Leão” e, hoje, ela aborda o mundo das celebridades na série em bronze “Paris Rilton”. Já na terceira e última sala, a Sala Política, se concentram gravuras produzidas durante os anos de chumbo.

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CRÍTICA
Na escultura “Paris Rilton”, Maria
Bonomi refere-se ao mundo das celebridades

Para além da retrospectiva, a mostra também apresenta o trabalho mais recente da artista plástica, a xilogravura “A Ponte”, na qual ela tece um comentário sobre a transitoriedade da vida, além de uma nova série de 20 esculturas inéditas em metal. “A ideia é mostrar que esses objetos, que foram e continuam sendo criados a partir da gravura, formam uma obra inacabada”, diz Coli, enfatizando que, aos 76 anos, Maria Bonomi está em pleno processo, produzindo uma obra que está longe de se esgotar.


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