Relembre, em vídeo, outros filmes de Almodóvar que contaram com a participação de artistas brasileiros:

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Um cirurgião plástico que revive o estereótipo do cientista maluco e cria em um centro cirúrgico doméstico a mulher que ama usando tecido epitelial geneticamente modificado. Esse é o protagonista do novo longa-metragem de Pedro Almodóvar, “A Pele que Habito” (em cartaz na sexta-feira 4), que marca o seu reencontro com o ator Antonio Banderas numa mistura arrebatadora de filme de horror, antecipação científica, thriller de suspense e melodrama. O personagem chama-se Robert Ledgard e mora com uma criada, Marília (Marisa Paredes), que ele não sabe ser sua mãe. Ele desconhece também que o filho de Marilia, Zeca (Roberto Álamo), um ex-traficante de drogas, ladrão internacional de joias e tarado sexual, é também seu irmão. Até aí, nada de mais. Em 18 filmes, Almodóvar apresentou uma galeria de personagens que habitam uma região difusa onde a moral comum está ausente. Com uma diferença: desta vez, eles são originários do Brasil. Já esperando uma reação negativa por aqui, o diretor declarou no lançamento do filme na Espanha: “Não queria que pesasse sobre eles uma educação judaico-cristã. Espero que os brasileiros entendam bem, adoro o seu país.”

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MÃE E FILHO
Marília (Marisa Paredes) ameaça Zeca
(Roberto Álamo): tipos amorais

Outro motivo levou Almodóvar a dar uma origem brasileira ao dr. Ledgard: ele é fascinado pelo universo da cirurgia plástica e quis conhecer os médicos Ivo Pitanguy e Carlos Gomes Fernandes de Almeida. Vê-se logo que seria uma bobagem condenar o cineasta por qualquer deslize nesse sentido: trata-se, obviamente, de uma homenagem – ainda que torta, é certo. A paixão do espanhol pela cultura nacional é antiga. Desde “A Lei do Desejo”, de 1987, ele tem usado grandes vozes da MPB em suas trilhas, como Maysa, Caetano Veloso, Elis Regina, e agora, em “A Pele que Habito”, tirou da obscuridade uma música que a nova geração desconhece, “Pelo Amor de Amar”, interpretada por Ellen de Lima. Amiga de Almodóvar, Gilda Mattoso, assessora de Gilberto Gil, diz que o cineasta ligou para ela, pedindo uma opinião sobre a canção. “Falei para ele que era meio cafona.

Ele ficou furioso”, conta Gilda. Outra descoberta recente de Almodóvar é a pintora Tarsila do Amaral, cuja tela “Paisagem com Ponte” aparece na parede do dr. Ledgard. Segundo Luciana Rangel, advogada que cuida dos direitos autorais da obra da artista, a produção do filme pediu autorização de uso de outras quatro telas: “Manacá”, “Religião Brasileira”, “Antropofagia” e “O Mamoeiro”. “Almodóvar havia se apaixonado pela obra de Tarsila, estava em dúvida”, diz Luciana. Só falta, agora, ele filmar aqui.

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