Para quem não faz o tipo sarado, com preparo físico exemplar, nem domina técnicas de escalada, mas adora o contato com a natureza e os banhos de cachoeira, o rali a pé é uma opção e tanto. O novo esporte surgiu amadoristicamente em 1989 em São Paulo, de uma brincadeira entre amigos que praticavam rally de jipe. O grupo aproveitou as regras da competição automobilística e adaptou para a versão que exige apenas roupas leves e um par de tênis velhos. Em 1997, foi criada a Confederação Brasileira de Rally a Pé, impulsionando o crescimento de um esporte que começa a tomar dimensão nacional. No próximo domingo, dia 16, acontecerá o rali a pé pelo Caminho do Ouro, a primeira estrada calçada do País, com 180 anos, onde era transportado o ouro entre Ouro Preto (MG) e Rio de Janeiro. A trilha, com 16 quilômetros, fica em Magé, no Rio de Janeiro. A prova deve durar quatro horas, cortando rios, cachoeiras, vales e belas montanhas. Passa por pontos pitorescos, como a primeira estrada de ferro do Brasil, construída em 1854.

“A idéia das provas dessa modalidade não é dificultar demais a vida dos participantes nem ver quem chega primeiro”, conta Bêni Becker, 37 anos, presidente da Confederação Brasileira de Rally a Pé. Segundo ele, o principal objetivo é testar a regularidade das equipes, por meio de contagem de passos, controle de tempo e distância e domínio de cál-culos e navegação por bússola. É uma prova com uma concepção ecológica que trabalha a mente e o corpo, semelhante ao rali automobilístico. “Mas é claro que eu não vou dar mole para ninguém. Gosto de ver a turma cansada e suja de lama”, brinca Becker, que
vai medir cada metro do percurso e montar alguns obstáculos. Os
times precisam estar em perfeita harmonia para uma situação de desacordo não se transformar em cena de reality show.

Uma equipe de alunos da academia Body Lab, de Magé, que pretende participar da prova, acompanhou ISTOÉ num trecho do percurso. O líder do grupo, Alceu Junior, 36 anos, usa a experiência de provas de rali automobilístico e aposta no seu preparo físico e censo de direção. “Sei usar bússola e acho que não vou ter dificuldade, pois sou professor de educação física”, gaba-se Junior. Ele se interessou pela prova por causa da importância histórica do trajeto e de seu cenário maravilhoso. “Apesar de morar perto, não conhecia a beleza do lugar”, diz Junior.

Os interessados em se inscrever na prova devem entrar no site www.rallyape.com.br, ter mais de dez anos de idade e levar um quilo de alimento não perecível no dia do evento, que será doado a instituições que atendem crianças carentes na região de Magé. A organização do
rali lembra que é bom levar uma bússola, uma prancheta, uma caneta,
um relógio digital ou cronômetro e uma máquina de calcular. No fim da prova, os organizadores oferecem um piquenique com frutas. As três primeiras equipes, das 60 já inscritas, ganharão troféus, brindes e prêmios-surpresa. Há também um prêmio de consolação: o grupo que chegar por último recebe um abacaxi.