A crise na aviação civil brasileira não deixou alternativa para a número 1, a Varig, a não ser se aproximar de sua mais forte concorrente, a TAM. As duas empresas assinaram na quinta-feira 6 um protocolo de intenções que abre o caminho para uma fusão ainda este ano. Mas há um grande obstáculo pela frente: um decreto presidencial da década de 80, que impede que qualquer empresa detenha mais de 50% do mercado. Juntas, a Varig e a TAM
têm 70% do mercado, o que contraria a livre concorrência, fiscalizada pela Secretaria de Direito Econômico. Quando houve a fusão da Antárctica e a Brahma para formar a Ambev, o governo exigiu que as duas empresas vendessem uma parte da nova companhia. A possível fusão da Varig e TAM constituiria uma ameaça às outras empresas, principalmente Vasp e Gol. Mas o Grupo Varig tem, ainda, a Nordeste
e a Riosul. Uma delas poderá ser negociada.

De início, a meta principal das duas companhias é reduzir custos, compartilhando despesas. E, obviamente, evitar que os aviões voltem a voar quase vazios quando acabar a alta temporada, a partir de março.
O fundador da TAM, comandante Rolim Amaro, morto num acidente de helicóptero em 2001, já admitia a parceria com outra empresa. A fusão facilitaria, na avaliação dos analistas, um apoio financeiro do BNDES, desde que mantidos os princípios da livre concorrência. Até setembro, a TAM acumulava perdas de R$ 600 milhões e dívidas de US$ 500 milhões. A situação da Varig é bem mais delicada: prejuízo de R$ 1 bilhão até junho de 2002 e dívida de US$ 764 milhões até setembro.