A segunda edição da Fashion Rio, antiga Semana BarraShopping, trouxe uma tremenda mudança para o evento carioca, que voltou a COVEN A grife estreante conquistou a platéia com peças de tricô e cores cítricasapresentar moda outono-inverno depois de uma década investindo só em primavera-verão. Realizada na semana passada no Museu de Arte Moderna (MAM), dessa vez o foco não foram os seios desnudos de Luana Piovani ou garotas homossexuais se beijando na passarela, mas, sim, os negócios. A inusitada idéia de montar uma tenda com estandes para marcas receberem compradores – batizada de Fashion Business – deu tão certo que a próxima edição do evento, em julho, já está com quase toda a agenda reservada, além de ampliada. O número de expositores pulou de 80 para 150, o de compradores de 160 para 250, o calendário foi alterado de três para quatro dias e entram em cena os compradores internacionais. “Deu para ver que o Rio estava precisando disso”, conclui Jerônimo Vargas, diretor da Escala Evento, organizadora da Fashion Business.

Não significa que a cidade vá abandonar a vocação para a pirotecnia, o que seria uma imperdoável desfiguração do estilo carioca. Mas havia um vácuo na Fashion Rio, com muita cena e pouco investimento na cadeia financeira. “Não adianta evento forte de imagem e ressonância sem a parte empresarial. Juntamos o glamour com negócios e deu certo”, conclui Eloysa Simão, uma das organizadoras. A proposta carioca para um inverno leve também agrada a compradores de vários Estados, já que 70% do País tem clima tropical. Os desfiles mostraram jaquetas, trench-coats ou casacos em tecidos leves, como sedas lavadas, veludos finos ou jacquards. As botas ficaram mais femininas, coloridas e com saltos finos. E já que o alvo é negócio, a cor marrom, presente em todas as coleções, parece um investimento seguro.

As grifes mineiras se mantêm na trilha do sucesso. Na Business, ótimos resultados para Visto e Sabor Tropical, de Belo Horizonte. Na passarela, a estreante Coven, cujo nome quer dizer convenção das bruxas, arrebatou a platéia com peças de tricô em cores cítricas. A consultora de moda Costanza Pascolato foi ao camarim cumprimentar a estilista Liliane Rebehy Queiroz e acabou experimentando algumas peças.

Outras marcas brilharam nas duas áreas, apresentando bonitos desfiles e superando expectativas de vendas, como a Tessuti e a Lei Básica. “Vendi mil peças a mais do que o esperado em apenas dois dias. Abri seis clientes novos e tenho muitos agendados para o show room”, disse a supervisora de vendas da Tessuti Maria Thereza do Amaral. Para ela, o fato de a bolsa de negócios funcionar no mesmo ambiente dos desfiles ajuda muito. “O desfile agrega valor ao lado comercial. Para os outros é glamour, mas eu vendo a passarela como serviço”, explica.

Uma das campeãs de vendas, a grife Fiò aumentou 20% dos negócios no estande, segundo Célia Aguiar, dona da marca. A estilista Eunice Fertonanni diz que abriu 20 novos clientes e aumentou a demanda com os antigos. “Cliente que levava 200 peças dobrou a compra. Tem um clima diferente de show room, mais favorável, quente.” Para estreantes, como a recém-criada Oestudio, o melhor é a visibilidade. “Sucesso total. Temos vários negócios agendados em cidades onde ainda não chegamos, como São Paulo”, diz a designer carioca Nina Gaul.

Com organização e suporte financeiro, o
Rio sentiu o gostinho de ser São Paulo, onde
feiras de grande porte, comumente, têm
elogiada estrutura. Cada expositor pagou
R$ 6 mil para ocupar um estande. A média
de vendas diárias foi de mil peças, somando R$ 230 milhões de
vendas diretas (já fechadas) e indiretas (agendadas) para a coleção
de inverno. Nada mal para uma primeira vez.