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SÍMBOLO
Urso-polar vaga pelo que resta de seu hábitat natural no Ártico

A maior bandeira ambiental dos anos 1980 está de volta às manchetes. Mas o buraco na camada de ozônio sobre o Polo Sul não é mais o problema. Uma nova perda do gás, essencial para proteger a Terra dos raios ultravioleta, ocorre agora sobre o Ártico, no polo oposto do planeta. O fenômeno foi detectado pela primeira vez em 1985 e, quatro anos depois, um acordo global proibiu a fabricação de produtos que causassem danos ao escudo gasoso. Este ano, porém, os cientistas identificaram um novo buraco, consequência direta dos poluentes emitidos antes do tratado – conhecido como Protocolo de Montreal e assinado por 191 países.

Um frio intenso na atmosfera superior do Ártico no último inverno ativou produtos químicos que estão presentes no ar e danificam a camada de ozônio, como o clorofluorcarbono (CFC). Eles produziram um buraco de tamanho sem precedentes na região, pouco menor que as áreas dos Estados do Amazonas e Pará juntos. O estudo foi publicado na revista especializada “Nature”.

Embora a perda de ozônio no Norte seja considerada temporária – e bem inferior à perda que ocorre na Antártica, no Polo Sul – cientistas descrevem o evento como um exemplo notável de como anomalias repentinas podem ocorrer, como resultado direto da atividade humana de anos atrás (conheça outros perigos da perda da camada de ozônio no quadro nesta página). E isso graças ao CFC encontrado em sprays, motores de geladeira e isopores, além de outros elementos presentes em pesticidas, por exemplo.

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MONITORAMENTO
Satélite Aura, da Nasa, é essencial para medir a camada de ozônio e os gases
que a destroem, mas está no fim da sua vida útil e não tem um substituto programado

Desde o ano 2000, as concentrações desses poluentes declinaram na atmosfera, mas não mudaram muito em relação à época em que o primeiro buraco na camada de ozônio foi identificado. “A causa principal desse fenômeno são os elementos químicos emitidos ao longo do século XX”, afirmou Michelle L. Santee, do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa, uma das autoras do estudo. “Eles têm uma vida longa, podem levar décadas para desaparecer. Essa nova zona é um lembrete de que as atividades humanas podem ter um impacto muito significante e, algumas vezes, consequências não intencionais na atmosfera”, diz a pesquisadora.

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Apesar de concordarem a respeito da gravidade do problema, cientistas que monitoram o Ártico concordam que mais dados são necessários. O monitoramento é produzidos com balões, observatórios e satélites, mas estes últimos não são feitos para durar muito tempo. Os instrumentos presentes na nave Aura, da Nasa – que mede gases e nuvens e foram essenciais para esse estudo – foram desenvolvidos para durar cinco anos e já acumulam sete em atividade. “Não há planos imediatos para outros satélites que nos deem o mesmo tipo de dados”, diz Gloria Manney, outra autora do estudo. “Uma de nossas preocupações é saber qual será a capacidade para monitorar não só o ozônio, mas os elementos que o destroem.”  

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