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REVOLTA
Ativistas franceses e confronto entre trabalhadores e
policiais na Grécia: impasse na solução da crise econômica

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A Europa enfrenta novos problemas a cada dia. Em menos de três anos, o aumento da dívida dos países da zona do euro transformou-se numa segunda grande crise bancária, principalmente porque os líderes políticos não conseguem encontrar uma saída rápida para o problema da Grécia. Com medo do contágio, França e Alemanha reuniram-se na semana passada para buscar uma solução que restaure a estabilidade financeira dos 17 países que adotam o euro. A União Europeia acompanhou os esforços e, numa decisão pouco comum, adiou sua reunião de cúpula dos dias 17 e 18 para o dia 23 de outubro, quando se espera o anúncio de um arsenal de medidas capazes de blindar a moeda comum. “Hoje, existe vontade política para combater a atual crise das dívidas públicas”, afirmou a primeira-ministra alemã, Angela Merkel. Por vontade política, entenda-se principalmente cortes orçamentários. Não será fácil aplicá-los. Nos últimos dias, multidões protestaram na França e na Grécia contra os pacotes que preveem, entre outras ações, o corte de salários e de empregos no setor público.

O foco do problema está no setor financeiro. Cálculo da Autoridade Bancária Europeia (EBA) aponta que os bancos precisam de 100 bilhões de euros para garantir sua estabilidade. A situação é crítica. Na semana passada, agências de risco rebaixaram notas de bancos espanhóis por detectarem a incapacidade de as instituições honrarem seus compromissos. Na Bélgica, o governo decidiu nacionalizar o Dexia Bank Belgium, um dos maiores bancos do País, pagando 4 bilhões de euros. A rápida decisão de socorrer o banco belga foi uma demonstração de que a Europa não pretende repetir o erro que levou à quebra do americano Lehmann Brothers, estopim da crise de 2008. “Os mercados globais estão mais do que nunca desequilibrados”, disse o megaespeculador George Soros. “Façam algo e façam agora.”

Explica-se, assim, o sinal verde dado à Grécia para que saque, em novembro, a quinta parcela de 8 bilhões de euros do empréstimo concedido pela União Europeia. Integrantes da chamada Troika (grupo de inspetores do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da própria União Europeia) afirmaram que a Grécia não atingirá, em 2011, a meta de redução de seu déficit. No entanto, dizem eles, as medidas adotadas para 2012 são adequadas e levarão à redução significativa dos indicadores negativos do país. Os mercados se acalmaram, mas só reagiram positivamente na quarta-feira 12, depois que a Eslováquia aprovou a ampliação do pacote anticrise para 440 bilhões de euros. Na véspera, num gesto de desaprovação à primeira-ministra, Iveta Radicova, o Parlamento eslovaco havia rejeitado a proposta, mas a oposição, sob forte pressão europeia, voltou atrás e fechou o acordo. Com o voto da Eslováquia, todos os 17 membros aprovaram a ampliação do fundo. O próximo passo é a reestruturação da dívida da Grécia e, em seguida, a recapitalização dos bancos da zona do euro, principalmente de Portugal, Itália e Espanha, maiores detentores de títulos da dívida da Grécia.

Em meio à crise europeia, o Brasil continua seu caminho sem grandes sobressaltos, mas é natural que a economia sofra algum impacto. Em agosto, as vendas do comércio caíram 0,4%, situando-se no mais baixo nível desde março de 2010. O PIB, segundo a CNI, deve crescer 3,4% ao ano e a indústria, 2,2%. Em Paris, onde estava para participar de reunião de ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais do G-20, o ministro Guido Mantega afirmou que existe o perigo de a crise do euro reduzir ainda mais o comércio mundial. “Precisamos torcer para que a economia chinesa não tenha uma desaceleração, porque, aí sim, a crise nos afetará”, disse Mantega. Por isso mesmo, não vai faltar torcida para que a Europa saia do sufoco.  

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