A disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro normalmente é reservada a personalidades de fama municipal ou políticos iniciantes. Não é o que deve ocorrer nas eleições do próximo ano. Nomes conhecidos nacionalmente, mas que na atual conjuntura não reúnem condições políticas para alçar voos mais ambiciosos, se movimentam para concorrer ao cargo de vereador. Nessa lista figuram Cesar Maia (DEM), Fernando Gabeira (PV) e Indio da Costa (PSD). Mais do que um projeto pessoal, a intenção desses renomados políticos é fortalecer seus partidos ao atuarem como verdadeiros puxadores de votos. O ex-deputado federal Fernando Gabeira admite a estratégia. Para não atrair “aventureiros” para o PV, o ex-candidato a prefeito e a presidente da República jogou o anúncio oficial da sua candidatura à Câmara de Vereadores para o fim do ano. “Se eu der uma resposta agora, o partido vai encher de gente para se candidatar só porque está diante de uma possibilidade concreta de se eleger”, explicou.

Prefeito que mais tempo esteve à frente do governo municipal, Cesar Maia nutre a expectativa de receber entre 200 mil e 300 mil votos. No ano passado, Maia foi candidato ao Senado. Teve mais de 1,5 milhão de votos, mas ficou em quarto lugar e não se elegeu. Ao contrário de Gabeira, no entanto, ele ressalta que o objetivo principal não é apenas fazer crescer a bancada. “A intenção é defender a cidade e os serviços públicos. Vereador de uma cidade como o Rio tem poder. Se a bancada aumentar, será um efeito colateral”, argumenta. O professor Ricardo Ismael, do Departamento de Sociologia e Política da PUC-RJ, avalia que Maia e Gabeira podem usar a Câmara Municipal para se manter em ação. “O cargo de vereador sempre propicia um bom espaço”, afirma o cientista político, ressaltando que eles ainda teriam como disputar as eleições de 2014 com um cargo garantido.

Companheiro de chapa de José Serra em 2010, como candidato a vice-presidente, Indio da Costa é o único que não reconhece abertamente a possibilidade de concorrer à Câmara do Rio. A hipótese foi discutida entre ele e o PSD de Gilberto Kassab. Num primeiro momento, o ex-integrante do DEM declinou sob o argumento de que seria “impossível” um candidato a vereador obter mais do que 120 mil votos no Estado. Mas o PSD ainda sonha em contar com ele. Enquanto o martelo não é batido, Indio, curiosamente, tem ajudado o seu partido a formar candidatos ao cargo que, hoje, ele diz rejeitar. Mandou espalhar 65 outdoors pela capital fluminense para anunciar o curso “Seja Vereador”. É possível que esteja implícito aí um desejo dele próprio. 

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