Arte
Hércules Barsotti – obras recentes
(Galeria Sylvio Nery, São Paulo) – São azuis escandalosos, amarelos de intensidade única, vermelhos apaixonantes, todos sutilmente recortados por outras cores contrastantes, preenchendo telas nos formatos de triângulo, losango, quadrado ou círculo. É um singular universo geométrico, que faz desta mostra do paulistano Hércules Barsotti um alegre festival minimalista, tal a delicadeza com que ele executa seus trabalhos. Legítimo representante do neoconcretismo, Barsotti ganhou grande parte do seu prestígio produzindo obras nos anos 50, nas quais utilizava a areia tanto para dar textura quanto brilho às telas quadradas, quase sempre em rigorosas composições em preto-e-branco. Agora, o artista de 87 anos recupera a areia como elemento revitalizador – a mesma cor sobre ela resulta num outro tom. Lúcido e corajoso na maneira com que realiza suas misturas, Barsotti faz quadros de cortes radicais, mas com harmonia e singeleza sempre presentes. (Apoenan Rodrigues)
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Cinema
F… comme femme – atrizes francesas de ontem e hoje (Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, de 19 a 24) – Brigitte Bardot aparece esplêndida na sua beleza em E Deus criou a mulher, filme de 1956, de seu ex-marido Roger Vadim (terça-feira 19). Catherine Deneuve traz sua elegância clássica em Place Vendôme, dirigido em 1998 por Nicole Garcia (quinta-feira 21). E Jeanne Moreau, a grande musa da nouvelle vague, ressurge em Assim Deus mandou (sexta-feira 22), que Philippe Agostini realizou em 1960. Elas integram o time das seis atrizes francesas homenageadas na maratona cinematográfica que ainda apresenta Juliette Binoche, Irène Jacob e Marina Vlady. Com elas à frente de suas respectivas fitas, o minifestival fecha um ciclo de competência e extremo charme. (Apoenan Rodrigues)
Não perca

A era do gelo (cartaz nacional na sexta-feira 22) – Este desenho da Fox foi feito na medida para agradar às crianças, mostrando com humor tipos cativantes como o roedor Scrat, curiosa mistura de esquilo e rato. Ele é um personagem divertido, mas apenas incidental na história que une o trio improvável formado pelo mamute Manny, o tigre dente-de-sabre Diego e o preguiça Sid – este, numa ótima dublagem de John Leguizamo –, que se juntam para devolver um bebê à sua tribo em meio a um cenário inóspito de 20 mil anos atrás. Aos adultos, o interesse cabe nas piadas e brincadeiras com o período pré-histórico, além do cuidadoso acabamento digital que conta com o brasileiro Carlos Saldanha no cargo de co-diretor. (Celso Fonseca)
Vale a pena

Teatro
Os solitários (Teatro Alfa, São Paulo) – Durante mais de duas horas Marieta Severo, Marco Nanini e a Sutil Companhia de Atores, de Curitiba, ensinam como ser divertido sem descer o nível num espetáculo perturbador em todos os sentidos. No palco, vê-se um desfile de anomalias domésticas, que passa da garota desequilibrada que perde o noivo para o irmão aidético ao menino gago, fã de Katherine Hepburn, preso em uma ilha deserta com a mãe. Dirigida por Felipe Hirsch, a peça de Nicky Silver tem dois atos. Mas, na verdade, são dois textos distintos, pontuados de citações pop. Sem dúvida é um espetáculo que, desde já, se transforma numa das grandes sensações de 2002. (Luiz Chagas)
Não perca