Modigliani: imagem de uma vida/ Museu a Céu Aberto, Vitória (ES) de 18/10 a 18/12

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TRAÇO ESCULTOR
Pintura de 1918 mostra ateliê com escultura em granito de Modigliani

Ao contrário de grandes pintores do século XX, como, por exemplo, seu contemporâneo Picasso, o pintor italiano Amedeo Modigliani ­obteve o reconhecimento postumamente. Dono de um estilo único, ele é frequentemente definido por estudiosos de sua obra como um artista sem mestre e sem discípulos. Sobre Modigliani reza a lenda que teria morrido na pobreza, causada pelo excesso de álcool e haxixe.

“A lenda gosta de ‘ver’ no artista um miserável. Mas na realidade ele não era mendigo nem alcoólatra. A sua maneira de ser era a de um ator que representava o personagem da marginalidade”, desmistifica Christian Parisot, responsável pelo espólio de Modigliani e curador da exposição “Modigliani: Imagem de uma Vida”, que abre em Vitória, no Espírito Santo, as comemorações do ano “Momento Itália no Brasil”. Essa é a ocasião para conhecer melhor este artista um tanto obscuro e controvertido.

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ESTILO
A pintura “Grand Nu Allongé” está entre os grandes clássicos do italiano

São apresentadas 12 pinturas, cinco esculturas, além de diários, desenhos e fotos nunca antes expostas na América Latina. Além da influência da arte africana, Modigliani compartilhou com Picasso a vida boêmia na Paris dos anos 1900 a 1920, episódio que teria comprometido sua saúde – já frágil desde a infância –, levando-o à morte precocemente, aos 34 anos. “Picasso reinava como mestre do cubismo, enquanto a fama de Modigliani se deu como escultor que entalhava cabeças rudimentares em granito”, diz o curador.

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O fato é que o estilo criado por Modigliani é tão facilmente reconhecido quanto o de Picasso. Isso se dá especialmente entre suas figuras femininas, delgadas e de olhos vazios. Talvez a exceção seja a pintura “Grand Nu Allongé – Retrato de Céline Howard”. Presente na mostra, a tela pintada em 1918, já nos últimos anos de vida do pintor, resgata a tradição acadêmica dos grandes nus, fugindo do cânone criado pelo próprio artista. Segundo Parisot, há uma interpretação errônea de que o pintor transferia para as figuras humanas suas limitações e angústias. A grande questão na obra de Modigliani sempre foi o traço escultor, mesmo nas pinturas. “A primeira preocupação de Modigliani foi sempre a escultura, uma força irresistível o empurrava a esculpir. As figuras emergiam da pedra sem que tivesse necessidade de um modelo de terra ou gesso. Sentia-se predestinado a ser escultor”, explica. A exposição chega ao Rio de Janeiro no início de 2012 e a São Paulo em junho do mesmo ano.


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