Criado num casebre sem luz elétrica, no deserto do Rajastão, o homem que na semana passada ofereceu US$ 22,8 bilhões pela Arcelor, a segunda maior siderúrgica do mundo, vai se consolidando um dos mais excêntricos megabilionários do planeta. O indiano Lakshmi Mittal, 55 anos e US$ 25 bilhões nas contas bancárias, só perde em fortuna para Bill Gates, da Microsoft, com seus US$ 46,5 bilhões, e para o investidor americano Warren Buffet, dono de US$ 44 bilhões. Mas ganha deles, por larga distância, em extravagâncias. Ele próprio se define como um visionário. “Eu enxergo oportunidades onde outros só vêem problemas”, costuma dizer.

Para compensar a infância paupérrima, ele vive hoje dentro da mansão considerada a mais cara do mundo. Por US$ 128 milhões, Mittal comprou o seu “Taj Mahal” londrino – como a chamam os tablóides ingleses – do também riquíssimo Bernie Ecclestone, o chefão da Fórmula 1. Fica em Kensington, região luxuosa de Londres, tem mais de 20 aposentos, galeria de arte e cinema particular.

O primeiro nome do multimilionário – Lakshmi – foi dado por seu pai em homenagem à deusa da fortuna e da prosperidade. A tacada deu impressionantemente certo. O empresário comanda hoje a Mittal Steel – fincada
em 14 países, com 175 mil funcionários e um lucro de US$ 4,7 bilhões (em 2004) –, ao lado dos filhos Aditya, 29 anos, e Vanisha, 24. Ela ganhou uma festa de casamento no Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris, com cinco dias de duração, direito a show da cantora pop Kylie Monogue e uma conta final (astronômica) de US$ 55 milhões.

O mercado agora aguarda um desfecho para a oferta hostil sobre a Arcelor. O certo é que, desde já, a proposta bagunçou o setor. A companhia a rejeitou de pronto, mas o indiano tem poder de fogo e pode comprar as ações na Bolsa. As negociações poderão durar uns seis meses e, neste tempo, Mittal e suas manias vão ganhar muitas manchetes. Um dos divertimentos dele é visitar suas empresas nos fins de semana para ver como cresce sua fortuna. Se você trabalha para ele, sorria.