Tudo dentro do Disney World é movido a ilusão e bem mais divertido do que o mundo real. Um livro mostra que por trás dessa magia há uma rede de intrigas e traições. Repetem-se na Disney, como em várias organizações do mundo corporativo, jogadas rasteiras capazes de corar o sovina Tio Patinhas. Quem conta com detalhes essa batalha travada pelo controle da indústria criada por Walt Disney é o jornalista americano James B. Stewart, em Disney war (Ediouro, 622 págs., R$ 69,90).

Stewart centra o relato da guerra civil na terra da fantasia a partir da atuação de Michael Eisner, o então presidente do conselho e principal executivo da empresa. As desavenças e Eisner com o sobrinho do fundador, Roy Disney, são contadas em detalhes. O executivo chegou a contratar um espião para lhe contar tudo que Roy fazia no departamento de animação.

Polêmico, Eisner assumiu a empresa em 1984 com um faturamento de US$ 100 milhões/ano. Pouco antes de ser retirado do comando pelo conselho da companhia, cravou em 2004 uma cifra de US$ 4,5 bilhões. Apesar da excelência do resultado,
ele cometeu vários erros estratégicos. Em 1988, teve a chance de comprar 50%
do estúdio Pixar por US$ 15 milhões. Dezoito anos depois, no dia 23 de janeiro,
a Disney comprou a mesma empresa por US$ 7,4 bilhões. A obsessão por cortar custos fez com que vendesse os direitos do premiado filme O sexto sentido, rejeitasse projetos como O senhor dos anéis, que faturou mais de US$ 2 bilhões,
e Procurando Nemo, e virasse as costas para C.S.I, uma das séries de tevê
mais vistas no mundo.