Em sua nova equipe, a Honda, o piloto brasileiro Rubens Barrichello estranhou quando pediu um sushi e foi prontamente atendido. Mas precisou de quase um mês de treinos para Rubinho constatar que algo inusitado ocorre em sua carreira. Depois de 14 anos na Fórmula 1, ele finalmente é o xodó da equipe. É efetivamente tratado como primeiro piloto. Na Honda, engenheiros e mecânicos japoneses e americanos têm acatado todos os seus palpites e não param de elogiar suas sugestões. “Sempre pedi muito, mas nunca fui tão atendido como estou sendo aqui”, disse o piloto na quinta-feira 26. “Hoje, por exemplo, andei menos do que o Button (seu companheiro de equipe) porque estava com problemas no carro. Eles foram tão profissionais que suspenderam o treino do Button, tiraram as peças dos carros dele e testaram no meu.” A boa adaptação de Rubinho na Honda é evidente, mas, para os sorrisos continuarem, será preciso vencer. Na Honda, que tem o também brasileiro Gil de Ferran como diretor esportivo, ele enfrentará a concorrência do talentoso inglês Jenson Button. A largada será no dia 12 de março, no circuito de Sakhir, em Bahrein, no Golfo Pérsico.

Por enquanto, Rubinho enfrenta toleráveis oscilações nos primeiros testes para ajustar seu RA106. Nos treinos coletivos em que participam todas as
equipes, realizados em Valência, na Espanha,
Rubinho cravou o melhor tempo na terça-feira 31.
No dia seguinte, foi o quinto colocado, ficando atrás, entre outros, do companheiro de equipe Button, que ficou em segundo. A possibilidade de Rubinho ter
um ano melhor anima uma torcida que, desde a
morte de Ayrton Senna, tem visto a Fórmula 1 com menos paixão e, às vezes, com certo desespero. As chances de Rubinho são consideráveis porque o atual campeão, Fernando Alonso, terá um ano de muitas cobranças e tensão. A McLaren-Mercedes anunciou a compra do passe do espanhol por três temporadas pela bagatela estimada em R$ 100 milhões e é preciso saber como ele irá se comportar em seu último ano de Renault. A Ferrari, de Schumacher, agora tendo como coadjuvante outro brasileiro, Felipe Massa, é sempre uma equipe de respeito. O problema parece ser outro: a ingratidão. Na escuderia italiana, Rubinho participou de 104 GPs, com nove vitórias e 11 póles. Dias atrás, em Madonna di Campiglio, na Itália, a equipe fez sua tradicional festa de abertura de temporada e exibiu um clipe em que desfilaram vários pilotos. Não havia uma imagem de Rubinho. Apagado da história recente da Ferrari, ele vai começar de novo.