Colocando logo os pontos nos is, defina-se de saída o que é a tal da urucubaca. Está lá no dicionário: praga, expressão costumeiramente usada entre homens do campo que enfrentam problemas nas lavouras e atribuem o prejuízo
à tal da urucubaca. Pois Lula, pernambucano
de origem, que decerto enxergou muitas pragas pelo caminho, decidiu reclamar de uma urucubaca danada que adversários políticos estavam lançando sobre seu governo. Deu-se o rebuliço. Geraldo Alckmin, governador paulista, candidatíssimo ao lugar de Lula e maldosamente afamado como “picolé de chuchu”, dado seu estilo normalmente
discreto, resolveu revidar. Médico de carteirinha, ele diagnosticou a urucubaca como fruto da “frouxidão ética” que o presidente carregaria sobre o lombo. O doutor Alckmin ainda listou efeitos colaterais do mal. A ética frouxa, disse, faz o governo não funcionar e provoca desvios de conduta. O sociólogo FHC, parceiro de cátedra partidária de Alckmin, foi na mesma direção e avaliou sem dourar a pílula: “A corrupção chegou lá em cima.” Como mostra em entrevista exclusiva nesta edição de ISTOÉ, ele acredita que o mal de roubar, como padrão ético, assumiu ares de epidemia dentro do PT. Lula, como seria normal, tem se rebelado contra o parecer da junta de especialistas tucanos. Define o diagnóstico como “leviandade” e diz que vai tratar a urucubaca a sua maneira: exibindo números dourados, que vão além de simples placebos verbais. Se terá cura, é outra história, mas que essa eleição promete um sururu dos grandes, lá isso promete.


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