O engenheiro Leonardo Da Vinci está no Rio de Janeiro. Mais precisamente, no Flamengo. Leonardo Da Vinci, engenheiro? Sim. Trata-se dele mesmo, o genial mestre italiano das tintas e cores do Renascimento. Da Vinci (1452-1519) da Monalisa, que no Museu do Louvre, em Paris, exibe o seu enigmático sorriso para intermináveis filas de admiradores. Da Vinci, que está presente do museu mais sofisticado a churrascarias mais prosaicas através de cópias de sua A última ceia, a obra de arte mais reproduzida da história. É sobretudo por esse motivo – engenharia e não telas – que é desconcertante a exposição Por dentro da mente de Leonardo Da Vinci (no Arte Sesc): nela, o mestre dá um show de lógica, beleza e criação em engenhocas projetadas para serem máquinas e utensílios.

Linhas e convergências, manivelas, engrenagens de madeira e cabos de ferro, tudo obedece a um padrão estético peculiar. Leonardo Da Vinci registrou esses desenhos em cadernos e folhas avulsas e, a partir de tais esboços, as peças foram construídas por uma família de artesãos de Florença. Os 40 modelos da exposição são extremamente fiéis aos desenhos deixados pelo artista – ou, melhor, pelo artista que também foi engenheiro. Ao longo de séculos esses desenhos foram sendo aperfeiçoados pelas sucessivas gerações dessa família que se valeu apenas de materiais e ferramentas disponíveis à época em que Da Vinci viveu (madeira, juta e ferro, por exemplo). Entre os inventos, alguns feitos para uso militar, outros com função hidráulica, há um planador de seis metros de largura, uma máquina de levantar peso, uma embarcação de casco duplo e uma hélice em parafuso. Ao lado dos objetos estão os desenhos originais e informações assinados pelo engenheiro Leonardo Da Vinci.