Depois de meses levado em banho-maria, parece que o PMDB finalmente vai ter dois lugares na grande confraria de ministros do governo Lula. As pastas já estariam definidas: Comunicações e Integração Nacional. Os nomes ainda dependem da reta final de pressões e contrapressões. Fato normal e corriqueiro na política, tanto em Brasília quanto em Buenos Aires ou Pequim. Postulações são confirmadas ou derrubadas, dependendo, muitas vezes, de fatores subjetivos. O presidente Lula não gosta nada de ler na imprensa sobre especulações de mudanças em seu primeiro escalão. Reclama com veemência. “Tem gente falando demais aqui dentro. Ninguém está autorizado a falar em nomes”, protestou na terça-feira 6, de acordo com a reportagem de Luiz Cláudio Cunha.

Mas Lula não deveria perder o humor por tão pouco. Todos os atores envolvidos – ministeriáveis, assessores palacianos, dirigentes partidários, jornalistas – têm interesse em que os nomes cotados circulem. Algumas vezes para ajudar a bombardear pretensões, outras para viabilizar indicações. A imprensa cumpre seu papel, e o leitor sabe muito bem diferenciar quem escapa dos balões de ensaio, sempre usados para testar ou detonar candidatos. Recurso legítimo na arte da política e muito usado pelo governo.

Cabe ao bom jornalista ter informação para fazer o óbvio: separar as laranjas boas das podres. Quando um nome é ventilado para ocupar um cargo importante e a notícia repercute, não deixa de ser uma maneira de a sociedade participar. Quantas vezes denúncias confirmadas abateram candidatos a ministro ainda no ar. O presidente sabe disso e seu núcleo duro também. Deve mesmo ser incômodo para alguém como ele, que preza a lealdade, demitir amigos ou afastar aliados de primeira hora. Está chegando o momento da definição: quem fica, quem sai. Diferente de alguns de seus antecessores, o presidente não tem prazer na fritura, nem gosta de tortura psicológica. Faz política olhando no olho, mas aprendeu no movimento sindical que a liderança não pode tudo. Às vezes tem de ceder, mesmo sacrificando os de casa. E a imprensa não pode ser culpada por isso.