Na segunda-feira 27, o ministro da Segurança Alimentar, José Graziano,
saiu de Brasília para um evento especial em São Paulo. Foi encontrar a mulher mais badalada do País. Das mãos
dela recebeu um cheque de R$ 50 mil como contribuição para o Fome Zero. Com o ato, três dias antes do lançamento oficial do programa,
Gisele Bündchen inaugurou uma
prática que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva considera fundamental
para o sucesso do desafio de erradicar
a fome no País: a participação da sociedade. Mas o governo não pretende ver os cidadãos comuns seguindo o exemplo da modelo. “A doação
de dinheiro é para as grandes empresas, os indivíduos devem entrar
com ações de trabalho voluntário nas comunidades carentes”, sugeriu Graziano. Assim, ele reforçava o pedido feito pelo próprio presidente
Lula: “Comecem já a criar os Conselhos de Segurança Alimentar
em suas cidades. Tomem a iniciativa.”

O apelo do presidente começou a ser atendido. O ator Marcos Winter anunciou a criação de uma associação de artistas no Rio de Janeiro para atuar na defesa dos direitos humanos cujas primeiras ações serão no combate à fome. “Com a nossa participação dá para fazer um país sem tanta miséria, sacanagem e roubalheira” acredita o ator. Winter e outros 37 brasileiros ilustres estão no Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea). Vão atuar como elo entre o governo e a sociedade civil no detalhamento do programa. É nesse trabalho conjunto que Lula espera encontrar respostas para as principais restrições feitas ao Fome Zero. Os mais críticos alertam que até agora o governo só apresentou medidas paliativas. “A questão não é só dar comida, o principal é mudar o modelo econômico para permitir a distribuição da renda”, afirma João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. “O esforço maior deve ser para a auto-sustentação das famílias”, lembrou Zilda Arns, coordenadora nacional da Pastoral da Criança. De objetivo, por enquanto, o governo anunciou apenas a decisão de aumentar a verba da merenda escolar das crianças do ensino fundamental. O valor destinado a cada aluno da rede pública entre quatro e seis anos vai passar dos atuais R$ 0,06 para R$ 0,13 ao dia.