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Um por todos, todos por um. Esse conhecido grito de guerra dos mosqueteiros do rei Luís XIII da França, criado pelo escritor Alexandre Dumas em seu romance de aventura mais famoso, atravessou dois séculos e se mantém inalterado no apelo à lealdade em mais uma adaptação da história de capa e espada, a superprodução “Os Três Mosqueteiros”, em cartaz no Brasil na sexta-feira 14. Só que agora embalado por todos os efeitos disponíveis aos filmes de ação, hoje a melhor maneira de atrair o público jovem aos cinemas. A primeira repaginada, claro, se dá com a adoção do 3D, que faz com que os saltos dessa tropa de elite da corte e suas lutas em escadarias e no topo de castelos sejam ainda mais vertiginosos – e isso sem falar da ponta das espadas que roça o nariz do espectador entretido com tanta luta.

Em Hollywood, produções como esse novo “Os Três Mosqueteiros” têm um nome: chamam-se “updated movies” ou filmes modernizados. São versões mais ágeis e vistosas de sucessos do passado que, no caso desse filão, englobam as tramas de época. Além dos efeitos visuais, que incluem disputas de espada tão coreografadas como nos sucessivos estágios dos videogames, essa refilmagem da história de Athos, Porthos, Aramis e, claro, D’Artagnan, o mosqueteiro caçula, ganhou como protagonistas apenas intérpretes da nova geração, respectivamente Matthew MacFadyen, Ray Stevenson, Luke Evans e Logan Lerman. Ao dirigir esse elenco treinado por um campeão alemão de esgrima, o diretor Paul W.S. Anderson sugeriu que eles mirassem não em personagens históricos, mas em roqueiros. Com seus cabelos cacheados (exceção feita ao hardcore Porthos) e suas calças e jaquetas de couro, a turma poderia se passar por metaleira. As situações também buscam o diálogo com os dias de hoje. Ao amarrar seu cavalo em um mercado na “rive gauche” da época, D’Artagnan, um garoto interiorano recém-chegado em Paris, recebe uma multa de Aramis – ele havia “estacionado” o animal em local proibido e o pior: não havia coletado os dejetos do bicho.

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TOUCHÉ
D’Artagnan (Logan Lerman) e sua espada: treino e visual roqueiro

A trama flagra Milady de Winter (Milla Jovovich) como uma agente dupla, insinuando-se entre o rei Luís XIII, o seu primeiro-ministro, o cardeal Richelieu (Christoph Waltz), e um nobre inglês, o duque de Buckingham (Orlando Bloom), numa acirrada luta pelo poder. O conhecido enredo foi acrescido também de novos lances, como uma batalha de dirigíveis, meio balão, meio caravela, supostamente desenhados por Leonardo Da Vinci. Um deles pousa inacreditavelmente sobre a Catedral de Notre Dame. Para enfatizar a eterna rivalidade entre ingleses e franceses, Luís XIII e o duque de Buckingham vivem se alfinetando e disputando quem exibe a roupa mais “up to date”. Para chilique do soberano francês, seu rival está sempre uma estação à frente.  

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